Na cerimônia de estreia dos BDRs (Brazilian Depository Rights) Nubank na B3, a Bolsa brasileira, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, disse que uma bolsa efetiva só acontece quando o número de investidores cresce. E a chegada do banco digital à Bolsa foi expressiva nesse aspecto também. De saída, o Nubank conseguiu atrair 7,5 milhões dos seus mais de 48 milhões de clientes para essa estreia. Com isso, o banco digital fez a base de investidores pessoa física da bolsa brasileira quase dobrar, fazendo do Nu invest (seu braço de investimentos que nasceu da aquisição da Easynvest) a maior corretora do país em quantidade de clientes.
“Esse ano é um que a gente tá fechando com chave de ouro, mais de 45 companhias fazendo IPO, 26 follow-on, e quase R$ 130 bi captados no mercado brasileiro. É admirável que uma empresa com menos de dez anos esteja aqui se transformando numa referência para o país. Essa referência para outros empreendedores é o que fica”, disse Finkelstain. Até novembro, a B3 contava com 4 milhões de investidores pessoa física.
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Cada título BDR, sob o código NUBR33 na B3, equivale a um sexto de cada ação do Nubank. Além dos NuSócios (os clientes que viraram sócios), que ficarão com 0,44% da oferta pública global do banco digital, a listagem na B3 atraiu outros 815 mil investidores pessoas física que fizeram reservas dos BDRs.

David Vélez, co-fundador e CEO global do Nubank, salientou que, no fim, o que faz o Nubank diferente é a cultura. “Nosso primeiro valor é que a gente quer que nossos clientes nos amem fanaticamente. O que seria isso num IPO? Não dava pra fazer uma listagem em Nova York e esquecer dos clientes. Se é um IPO consistente com os valores do Nubank, [tem que ter] IPO em NY, IPO no Brasil“, contou Vélez, salientando que a ideia sempre foi achar um jeito para que os clientes do banco digital, que são uma comunidade forte, pudessem participar do IPO e investir, ajudar a capitalizar a empresa.
“Gente, isso deu muito trabalho. Mas fomos lá e fizemos. Somos famintos em desafiar o status quo. Esse é o nosso segundo valor. A dor de não ter tentado seria muito maior que tentar e não conseguir. Se não tivéssemos tentado não estaríamos aqui.”
Cristina Junqueira, co-fundadora e CEO do Nubank (Brasil), disse que “ninguém nunca fez isso que a gente fez. Mas tinha como fazer.” Ela também enfatizou o quão trabalhoso foi criar toda a estrutura que possibilitasse dar BDRs a clientes e combinar as operações entre NYSE e B3 para permitir que os clientes brasileiros também investissem na empresa. “É o que eu sempre falo: se fosse fácil tava feito.”
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O co-fundador número 3, como é frequentemente chamado, Edward Wible, disse que na prática o IPO não mudará muito o dia a dia da empresa. “Esses quase 9 anos morando aqui, trabalhando aqui, é uma honra e é a maior experiência da minha vida. Eu acho esse trabalho que a gente tá fazendo não vai mudar, o que vai mudar com o IPO é que os clientes poderão virar sócios. Fora isso, a gente volta pro trabalho [amanhã].”
Os fundadores chamaram alguns clientes, incluindo um do México e uma da Colômbia, para tocar a campainha da B3 junto com eles.