Negócios

Vélez, na B3: "A gente quer que nossos clientes nos amem fanaticamente. Deu muito trabalho, mas se não tentássemos não estaríamos aqui."

Nubank conseguiu atrair 7,5 milhões dos seus mais de 48 milhões de clientes para essa estreia. Com isso, fez a base de investidores pessoa física da bolsa brasileira quase dobrar

Os fundadores do Nubank na cerimônia de chegada do banco à B3: David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible. Foto: Reprodução.

Na cerimônia de estreia dos BDRs (Brazilian Depository Rights) Nubank na B3, a Bolsa brasileira, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, disse que uma bolsa efetiva só acontece quando o número de investidores cresce. E a chegada do banco digital à Bolsa foi expressiva nesse aspecto também. De saída, o Nubank conseguiu atrair 7,5 milhões dos seus mais de 48 milhões de clientes para essa estreia. Com isso, o banco digital fez a base de investidores pessoa física da bolsa brasileira quase dobrar, fazendo do Nu invest (seu braço de investimentos que nasceu da aquisição da Easynvest) a maior corretora do país em quantidade de clientes. 

“Esse ano é um que a gente tá fechando com chave de ouro, mais de 45 companhias fazendo IPO, 26 follow-on, e quase R$ 130 bi captados no mercado brasileiro. É admirável que uma empresa com menos de dez anos esteja aqui se transformando numa referência para o país. Essa referência para outros empreendedores é o que fica”, disse Finkelstain. Até novembro, a B3 contava com 4 milhões de investidores pessoa física.

LEIA TAMBÉM: Após IPO, Nubank quer acelerar expansão fora do Brasil

Cada título BDR, sob o código NUBR33 na B3, equivale a um sexto de cada ação do Nubank. Além dos NuSócios (os clientes que viraram sócios), que ficarão com 0,44% da oferta pública global do banco digital, a listagem na B3 atraiu outros 815 mil investidores pessoas física que fizeram reservas dos BDRs. 

Os fundadores do Nubank na cerimônia de chegada do banco à B3: David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible. Foto: Reprodução.

David Vélez, co-fundador e CEO global do Nubank, salientou que, no fim, o que faz o Nubank diferente é a cultura. “Nosso primeiro valor é que a gente quer que nossos clientes nos amem fanaticamente. O que seria isso num IPO? Não dava pra fazer uma listagem em Nova York e esquecer dos clientes. Se é um IPO consistente com os valores do Nubank, [tem que ter] IPO em NY, IPO no Brasil“, contou Vélez, salientando que a ideia sempre foi achar um jeito para que os clientes do banco digital, que são uma comunidade forte, pudessem participar do IPO e investir, ajudar a capitalizar a empresa.

“Gente, isso deu muito trabalho. Mas fomos lá e fizemos. Somos famintos em desafiar o status quo. Esse é o nosso segundo valor. A dor de não ter tentado seria muito maior que tentar e não conseguir. Se não tivéssemos tentado não estaríamos aqui.”

Cristina Junqueira, co-fundadora e CEO do Nubank (Brasil), disse que “ninguém nunca fez isso que a gente fez. Mas tinha como fazer.” Ela também enfatizou o quão trabalhoso foi criar toda a estrutura que possibilitasse dar BDRs a clientes e combinar as operações entre NYSE e B3 para permitir que os clientes brasileiros também investissem na empresa. “É o que eu sempre falo: se fosse fácil tava feito.”

LEIA TAMBÉM: Após Nubank, NYSE prevê vários IPOs de empresas da América Latina em 2022

O co-fundador número 3, como é frequentemente chamado, Edward Wible, disse que na prática o IPO não mudará muito o dia a dia da empresa. “Esses quase 9 anos morando aqui, trabalhando aqui, é uma honra e é a maior experiência da minha vida. Eu acho esse trabalho que a gente tá fazendo não vai mudar, o que vai mudar com o IPO é que os clientes poderão virar sócios. Fora isso, a gente volta pro trabalho [amanhã].”

Os fundadores chamaram alguns clientes, incluindo um do México e uma da Colômbia, para tocar a campainha da B3 junto com eles.