Em uma live realizada pela XP Investimentos, executivos do varejo brasileiro disseram que o impacto da pandemia nas vendas do setor é imenso. Eles também disseram que apesar de toda a operação de guerra montada para reforçar as vendas online e permitir que a população e os empregados fiquem mais tempo em casa, o governo brasileiro precisa ajudar as empresas logo, “não daqui a 60 ou 90 dias”.
Alexandre Birman, CEO da Arezzo, disse que a empresa reduziu o salário de seus diretores em 30%, incluindo o próprio salário de Birman, para alocar esse valor na manutenção de operações e funcionários.
Neste momento, é preciso segurar os empregos. Nós temos que enfrentar essa crise pensando na demissão como a última alternativa
Alexandre Birman, CEO da Arezzo.
Birman também disse que a Arezzo já está na fase final de testes para fabricar máscaras. A idéia é doar os equipamentos em larga escala para hospitais e para os mais necessitados.
Birman disse ainda que se ele pudesse escolher uma contrapartida do governo brasileiro nesse momento, seria o financiamento da folha de pagamento. Segundo ele, a última coisa em que os empresários do setor estão pensando agora é a demissão. “Se o governo puder agir agora, que seja o financiamento da folha de pagamento, para que o pequeno empresário possa pagar o próximo salário do dia 7 de abril”.
LEIA TAMBÉM: Demanda por voos caiu 75% na semana passada no Brasil
Também na terça-feira (24), em outro webinar, In Hsieh, co-fundador da Chinnovation e ex-chefe de e-commerce da Xiaomi LatAm, disse que as parcerias entre indústrias de outros ramos aproveitando suas linhas de produção ociosas para fabricar equipamentos para enfrentar a pandemia foram um dos pontos fortes da cooperação na China, e é natural que isso também aconteça na América Latina.
O fundador e presidente do Conselho de Administração da varejista de artigos esportivos Centauro, Sebastião Bomfin, disse que abriu o mercado da Centauro, originalmente voltado para produtos esportivos, para empreendedores e empresas que vendem produtos básicos. “Com isso, ajudamos na operação de pequenos varejistas e também das pessoas que precisam ainda mais desses produtos nessa crise”, afirmou o executivo durante a live da XP.
LEIA TAMBÉM: Rede 5G cresce em todo o mundo, mas COVID-19 pode atrasar sua chegada à América Latina
Bomfin foi enfático ao exigir medidas de compensação do governo brasileiro.
O governo precisa entender que é corresponsável por nossas folhas de pagamento. Precisamos de ajuda urgente, para resolver o pagamento do próximo dia 5. Daqui a 60, 90 dias, não resolve
Sebastião Bomfin, da Centauro.
Dois executivos de dois grandes grupos que administram shopping centers no Brasil, Aliansce Sonae e Iguatemi, também disseram que tomaram medidas para mitigar os efeitos do fechamento forçado de lojas. Uma delas é a suspensão do pagamento da taxa do condomínio.
Segundo a associação do setor no Brasil, a Abrasce, 550 shoppings em todo o país estão fechados – 95% do total.
Carlos Jereissati Filho, CEO do grupo Iguatemi, também foi franco sobre a necessidade de o governo brasileiro agir logo para ajudar as empresas, a economia real.
LEIA TAMBÉM: Demanda por voos caiu 75% na semana passada no Brasil
“Fomos todos deixados em casa por uma emergência fora de nossos negócios”, disse ele, enfatizando que as medidas para resgatar as empresas e as pessoas mais vulneráveis precisam ser detalhadas e implementadas em breve. “Como em 2008, o Banco Central tomou várias medidas para garantir liquidez no mercado. Mas é necessário agir no lado fiscal, gastando agora (para ajudar os necessitados). Se Mandetta (o ministro da Saúde) é um grande comunicador no campo da saúde, onde está o cara (do governo) que também precisa apresentar as medidas necessárias na economia ?, acrescentou.