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Favo demite 171 pessoas e diz "até logo" ao Brasil

Marina Proença, cofundadora e CPO da Favo, disse no LinkedIn que a empresa decidiu pausar suas operações devido ao aumento dos custos e não tem data definida para retornar

Foto: Reprodução.
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Startup de vendas de supermercado por canais digitais, a Favo está demitindo 171 pessoas e “pausando” suas operações no Brasil apenas pouco mais de dois anos de sua chegada no país.

Marina Proença, cofundadora e CPO da Favo, disse no LinkedIn que após 846 dias de muito trabalho, a empresa decidiu pausar suas operações devido ao aumento dos custos e não tem data definida para retornar. Ela será responsável pelas últimas atividades da startup no país até 30 de junho.

Fundada em 2019 no Peru por Alejandro Ponce e Marina Proença, a Favo desembarcou no Brasil em fevereiro de 2020.

“Nunca pensei que seria fácil, nem estou aqui pra glamourizar o fechamento temporário dessa operação que me custou noites de muito pouco sono, transtornos de ansiedade e muita ausência do resto da minha vida que não o trabalho, mas declarar que estamos fazendo isso de forma digna, do mesmo jeito que começamos: cuidando das pessoas”, disse Proença.

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A startup contava com mais de 160 mil compradores nos dois mercados onde atua e já atendia mais de 7 mil empreendedores. Segundo Proença, a Favo está tentando atender esses negócios da melhor forma possível, inclusive “fechando parcerias com concorrentes”. “Pausamos o Brasil com o mesmo respeito com o qual iniciamos.”

A startup tem como foco o conceito de compras em grupo comunitário, um modelo de e-commerce baseado em micro-localizações, em que parceiros empreendedores fazem compras por meio de redes sociais. Por meio de sua plataforma, a Favo conecta empreendedores líderes da comunidade aos consumidores finais. Ao se cadastrar como vendedor na plataforma da Favo, os parceiros têm acesso a uma loja online personalizada que oferece todo o catálogo de produtos da Favo, que hoje é composto por mais de 2.500 itens de varejo. Toda essa operação agora estará disponível apenas no Peru.

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Em outubro do ano passado, a Favo garantiu US$ 26,5 milhões em uma rodada Série A liderada pela Tiger Global e seguida pela Global Founders Capital, MSA Capital, Elevar Equity, Positive Ventures, FJ Labs, H2O e David Vélez, CEO e cofundador do Nubank. O recurso seria investido em logística e expansão para outras cidades além de São Paulo, além de preparar o lançamento de Favo no México. Todos esses planos foram pausados.

O LABS entrou em contato com a equipe de relações públicas da empresa para comentários e atualizará esta história se receber uma resposta.

O anúncio da “pausa” nas operações da Favo vem na esteira de uma série de más notícias para o ecossistema de tecnologia e startups não só na América Latina, mas no mundo. Nas últimas semanas, VTEX e o grupo 2TM, dono do Mercado Bitcoin, fizeram grandes cortes de pessoal, 193 e 90 funcionários, respectivamente. Antes disso, QuintoAndar, Facily e outras também tinham demitido, mesmo pouco tempo depois de receberem grandes rodadas de investimento.

O quadro geral, ressaltado inclusive por vários dos investidores dessas empresas, é de que é preciso ser cauteloso, reduzir o ritmo de “cash burn” naquelas startups que ainda não alcançaram o breakeven, ou, no caso de empresas mais consolidadas e lucrativas, cortar projetos paralelos (e pessoal envolvido) para voltar esforços para o core business da organização. Tudo como forma de “se preparar para o pior”, citando as palavras da Y Combinator.