A Gabriel, uma startup carioca de tecnologia aplicada à segurança, acaba de anunciar um aporte de R$ 66 milhões liderado pelo SoftBank. Também participaram da rodada Série A as gestoras de venture capital Canary, Norte Ventures, Globo Ventures, Indie Capital, QMS Capital, MontLacer Investments, CamelFarm Ventures, Endeavor ScaleUp Ventures e Wayra, braço de investimento em startups do grupo Telefônica-Vivo.
Fundada há apenas um ano e meio pelo trio Erick Coser, Otávio Miranda e Sérgio Andrade, foi desenhada para resolver um problema crescente no Brasil, a segurança pública. A visão dos fundadores é de que segurança não começa “em casa”, e sim na rua, no espaço público e compartilhado. “Segurança pública é uma responsabilidade compartilhada entre cada cidadão e governo”, diz Miranda.
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A tese da Gabriel é de que a redução da criminalidade passa obrigatoriamente por tecnologia, coleta e análise de dados e geração de inteligência. “Há um problema de geração de inteligência sobre segurança pública, uma incapacidade das forças de segurança de saber como agir e onde agir”, continua o empreendedor. “Países como Estados Unidos, China e Israel conseguiram resolver esses gargalos com o desenvolvimento de produtos de tecnologia focados em gerar mais eficiência e transparência para os serviços de segurança pública, independente de quem está prestando esse serviço, se é um ente público ou privado”, explica Miranda.
Entendemos que soluções que deram certo em outros países não poderiam ser simplesmente replicadas no Brasil, então nós criamos um produto para atender às demandas do Brasil: um sistema integrado, de baixo custo, que pode ser consumido em rede, que gera um efeito em escala e tem finalidade pública.
Otávio Miranda, cofundador da Gabriel
O carro-chefe da Gabriel é um sistema de câmeras inteligentes (apelidadas de “Camaleão”, devido ao seu design) interconectadas e de baixo custo para monitoramento do espaço público. As câmeras são instaladas voltadas para a rua e proporcionam um ângulo de visão de até 180º. Conectadas à uma central, as imagens são monitoradas 24 horas por dia e geram inteligência de segurança. Quando algum delito ou crime é capturado por uma câmera da Gabriel, a startup imediatamente informa às forças de segurança responsáveis. Miranda conta que a partir da inteligência e das imagens capturadas, a Gabriel já colaborou com pelo menos 140 investigações policiais só em 2021.
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Atualmente, a Gabriel concentra suas operações na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, com maior presença nos bairros de Ipanema e Leblon, operando uma rede de 1.500 câmeras inteligentes. De acordo com a startup, a sua operação já possui cinco vezes mais volume que a rede de câmeras públicas instaladas no município. “Nossa solução gera um efeito de rede que amplia a segurança. Hoje, qualquer crime que aconteça nas nossas áreas de cobertura vai ser captado por alguma das nossas câmeras”, afirma Miranda.

A solução da Gabriel é contratada por assinatura mensal – R$ 199,00 por câmera, sendo que a maioria dos clientes (geralmente condomínios, comércios, prédios de escritórios, galerias) é atendida por duas câmeras. Ao se tornarem assinantes, os clientes da Gabriel compartilham entre si as imagens de suas câmeras voltadas para o espaço público e são integrados às forças de segurança por meio da central de apoio e investigações da empresa. Além disso, têm acesso ao app, que disponibiliza as imagens em tempo real, um histórico dos registros, contato com a central e um botão de emergência.
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Os recursos recém captados serão investidos em tecnologia e ampliação do time, hoje composto por 77 pessoas, sendo mais de um terço profissionais de TI. Toda a tecnologia da Gabriel é proprietária, desenvolvida dentro de casa, desde as câmeras até os softwares (do aplicativo para os clientes, da central de monitoramento das câmeras, do modelo de visão computacional que detecta anomalias nas áreas monitoradas, e por aí vai). “É mais desafiador desenvolver tudo em casa, mas estrategicamente faz muito mais sentido, nos dá controle total sobre nossa operação”, explica Coser.
Além do aprimoramento do principal produto, a Gabriel está trabalhando em outras frentes, com o desenvolvimento de soluções de segurança “do portão para dentro”, como sistemas de câmeras internas, alarmes e ferramentas para controle de acesso. A startup pretende, ainda, começar a estruturar uma estratégia de expansão para outras capitais brasileiras e da América Latina no próximo ano.