- O Black Founders Fund, fundo de capital semente destinado a startups lideradas por pessoas negras, ganha oito novas selecionadas no Brasil;
- A iniciativa também ocorre nos Estados Unidos e Europa;
- O fundo, que deve investir R$ 5 milhões nas empresas brasileiras até o fim deste ano, não envolve contrapartida ou participação societária;
- As inscrições ficam abertas durante todo o período do programa, que tem duração prevista de 18 meses e iniciou em setembro de 2020;
- São elegíveis empreendedores em busca de rodada seed, com negócio em operação com base em tecnologia e produto lançado com usuários e possíveis clientes.
O Google for Startups Brasil anunciou nesta semana oito novas startups que receberão investimentos do Black Founders Fund, fundo da gigante de tecnologia destinado a empresas fundadas e lideradas por empreendedores negros e negras no país.
Lançado em setembro de 2020 e com duração prevista de 18 meses, o fundo tem valor inicial de R$ 5 milhões e espera, até o fim deste ano, investir em cerca de 30 empresas que estejam buscando capital semente. Até agora, a iniciativa selecionou 17 startups.
“Há uma lacuna no mercado de financiamento em que empreendedores negros e negras enfrentam dificuldades muito maiores de acesso a capital do que empreendedores não-negros”, explica André Barrence, Diretor do Google for Startups América Latina ao LABS.
“Isso aparece quando conversamos com esses empreendedores e quando olhamos para a própria comunidade do Google for Startups Campus de São Paulo, em que temos cadastrados nove vezes mais fundadores de startups que se autodeclaram brancos do que negros, enquanto não temos um único investidor cadastrado que se autodeclare negro”.
Entre os setores das oito novas selecionadas, se destacam negócios voltados para a própria comunidade negra, como a healthtech AfroSaúde, a plataforma de turismo Diáspora.Black e a edtech Prol Educa. Legaltechs e proptechs, como a Certdox e UnicaInstancia, além da Gestar, Inventivos e Trakto completam a lista.
A diversidade geográfica também foi um fator considerado na seleção: entre as oito, quatro vêm de estados do Nordeste que viram seus pólos de inovação crescerem nos últimos anos: AfroSaúde e Inventivos, da Bahia; Prol Educa, de Pernambuco; e Trakto, de Alagoas.
“É uma oportunidade grande de mostrarmos como o Nordeste, em especial Salvador, tem se destacado no cenário nacional com empreendimentos inovadores, principalmente os voltados à tecnologia em saúde, mercado que tem se mostrado estratégico no combate às desigualdades evidenciadas pela pandemia de COVID-19,” conta Igor Leo Rocha, cofundador e CSO da AfroSaúde. “O aporte do Google, por ser uma gigante da tecnologia, nos possibilita também entrar no radar de outros grandes investidores”.

Esperamos que a nossa ação incentive outras organizações do ecossistema, sejam corporações, aceleradoras, fundos de investimento ou investidores-anjo, a seguirem o mesmo caminho. A pauta [de diversidade e inclusão] é urgente e fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento do ecossistema de startups no país.
Para Vinicius Marques, fundador e CEO da legaltech EasyJur, uma das selecionadas pelo fundo no final do ano passado, iniciativas como o Black Founders Fund “potencializam a disseminação da pluralidade de cultura, gênero e raça traduzidos em resultados”.
“Diversos empreendedores negros como eu, que estão transformando a vida de milhares de pessoas, agora contam com o apoio do Google, ganhando voz e visibilidade no mundo todo. Isso é muito inspirador e gratificante, é um movimento essencial para acabar com o preconceito muitas vezes velado no ecossistema empreendedor,” conta o executivo.
As startups selecionadas pela iniciativa também receberão créditos em produtos do Google e terão à disposição uma rede de mentores. As empresas poderão ainda ser selecionadas para participar dos programas do Google for Startups no Brasil.