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Indústria de pagamentos cresce 33,1% em 2021 e projeta avanço um pouco menor neste ano

A Abecs acredita que as transações por aproximação representarão 50% das operações com cartão de crédito em 2022

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Foto: Shutterstock
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Renda reduzida, inflação em alta e taxa básica de juros também em ascensão. É neste cenário que a Abecs, associação que representa não só a indústria de cartões mas o setor de meios eletrônicos de pagamento, projeta um crescimento de 21% para 2022. Um avanço menor do que os 33,1% registrados no ano passado, quando o setor chegou a R$ 2,6 trilhões transacionados.

“A nossa perspectiva é de crescer em torno de 21% neste ano, para R$ 3,2 trilhões. Aliás, estamos finalizando um planejamento estratégico, em parceria com uma grande consultoria, no qual estimamos um crescimento robusto da nossa indústria, de dois dígitos, até 2025”, disse Pedro Coutinho, presidente da Abecs até março, quando deixará o cargo de CEO da Getnet e, consequentemente a diretoria da entidade.

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Também neste ano, o setor pode alcançar uma das suas grandes metas: responder por 60% dos gastos das famílias brasileiras (hoje está em 54%, segundo estimativas da Abecs).

De maneira geral, o crescimento foi fortemente puxado pela modalidade de crédito – com participação cada vez maior das transações remotas e por aproximação –, embora débito e pré-pagos também crescido.

Na comparação entre as modalidades, o cartão de crédito respondeu por R$ 1,6 trilhão do montante total transacionado, um crescimento expressivo de 36,6% sobre 2020. Em  seguida, vem o cartão de débito, com R$ 916,3 bilhões (alta de 20,2%), e o cartão pré-pago, R$ 117,1 bilhões (alta de 158,5%).

Ainda de acordo com o balanço da Abecs, os brasileiros continuam ampliando o  uso dos cartões na internet, em aplicativos e outros tipos de compras não  presenciais, movimentando R$ 569,7 bilhões em 2021, alta de 30,8%.

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Cartão passa a ser terceira maior carteira de crédito pessoa física do país

O crédito concedido via operação com cartão foi o que apresentou maior crescimento entre as carteiras de crédito pessoa física no Brasil, segundo dados do Banco Central reunidos pela Abecs, passando a ser a terceira maior e perdendo apenas para o crédito pessoal e o financiamento imobiliário. Foram R$ 391,8 bilhões movimentados pelo setor em 2021, mais que o dobro do que há dez anos. Também no ano passado, a inadimplência no setor atingiu o menor nível da série histórica do BC, iniciada em 2011: 4,3%. Isso deve mudar um pouco em 2022, em razão do cenário econômico desafiador, mas, segundo Coutinho, não deve voltar ao patamar de 8% de dez anos atrás.

O crédito parcelado sem juros é a modalidade campeã da indústria. Responde por quase 90% do volume transacionado no ano passado e, segundo Coutinho, não está ameaçado por outros métodos de pagamento, como o PIX, ou novas modalidades de crédito, como o Buy Now Pay Later (BNPL), que chegou ao país recentemente com fintechs como a colombiana ADDI, trazendo um conceito um pouco diferente do compra agora, pague depois que o brasileiro já conhecia.

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“A importância do parcelado sem juros em 12 meses é imensa no Brasil. É uma arma de vendas por parte do varejo e uma arma de compra para o consumidor. Nós temos um produto campeão. Sobre o BNPL, todo produto é bem-vindo na indústria. Nós não estamos mais num mundo do isso ou aquilo. Estamos no mundo do E. Tem espaço para o PIX, para o boleto, para o cartão de crédito. Tudo isso tem que ser seguro e a experiência do consumidor tem que ser espetacular”, disse Coutinho.

Ele também afirmou que a Abecs está trabalhando com seus associados em um projeto piloto em Campinas e Brasília para “turbinar” o crediário digital em até 36 meses, produto que não decolou como a indústria esperava.