A invasão da Ucrânia pela Rússia está agravando a alta da inflação no mundo e, especialmente, na América Latina, onde os países estão sendo forçados, já desde o ano passado, a aumentar juros como único remédio para a alta de preços frente a um espaço fiscal apertado. Ainda na semana passada, a Petrobras anunciou o reajuste no litro da gasolina comum (18%) e do diesel (24,9%). Como consequência, três dos maiores apps do país – Uber, 99 e iFood – anunciaram nesta semana um reajuste dos valores pagos a motoristas e entregadores parceiros.
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O Uber ajustou o preço das corridas em 6,5%. A empresa, que encerrou as entregas de restaurantes no Uber Eats no último dia 7, disse que o aumento no preço para os usuários é “temporário”, sem estimar uma data final para esse preço maior. Também sem dar detalhes, a empresa também disse que investirá R$ 100 milhões no Brasil em iniciativas para aumentar os ganhos e reduzir os custos dos motoristas parceiros.
A 99 anunciou reajuste de 5% no valor do km rodado nas 1,6 mil cidades em que o app opera. “Além desse reajuste, o pacote Mais Ganhos 99, com medidas como o Taxa Zero que oferece aos condutores 100% do valor das corridas em períodos e cidades específicas, além de mais ganhos com o recebimento por taxa de congestionamento, e taxa de deslocamento continuam vigentes”, disse a empresa em comunicado. A empresa também disse estar estudando uma solução de subsídio capaz de acompanhar, de forma mais dinâmica, as flutuações nos preços dos combustíveis.
No caso do iFood, a partir do dia 2 de abril, a rota mínima (o mínimo que os entregadores recebem a cada vez que são chamados) aumentará 13%, indo de R$ 5,31 para R$ 6, e o mínimo por quilômetro rodado aumentará 50%, passando de R$ 1 para R$ 1,50. Segundo texto publicados no portal de notícias da empresa, os reajustes de 2022 vão afetar metade das rotas que atualmente são feitas de moto e 70% das entregas realizadas com bicicletas. Nos próximos 12 meses, o iFood estima que repassará mais de R$ 3,2 bilhões aos mais de 200 mil entregadores parceiros da plataforma. Claudia Storch, diretora de operações do iFood, disse que com o aumento, os entregadores que trabalham 169 horas mensais vão passar a ganhar R$ 3.020 brutos por mês, mais do que 89% da população brasileira. Nesse caso, o ganho médio líquido por hora logada passa a ser 2,5 vezes superior ao do salário mínimo e fica 33% acima do teto dos motofretistas.
Trocando em miúdos, ela disse que o ganho líquido por quilômetro “voltará a se equiparar com os ganhos que eles tinham no passado”, sem especificar que passado é esse.