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Após dobrar base de clientes, Inter aposta em parcerias como a da Stone para acelerar monetização

Desse total, 2,1 milhões são usuários ativos da Inter Shop, o marketplace da empresa que, apesar de ser banco, quer ser super app

Banco Inter, Brasil Nasdaq
Foto: Divulgação/Inter
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  • Mais do que contas, o que importa para o Inter é crescer em recorrência e TPV, ou seja, fazer esses 12 milhões de clientes efetivamente usarem o app no dia a dia;
  • Nesse sentido, além da Inter Shop, a empresa aposta nas suas frentes de crédito (e cartões) e seguros para isso também.

O Inter (ex-Banco Inter) chegou ao final de junho com 12 milhões de clientes, um crescimento de 18% sobre o trimestre anterior e o dobro do que tinha no mesmo mês no ano passado. Entre abril e junho, a empresa conquistou 1,9 milhão de contas, abrindo cerca de 30 mil por dia útil. Mas mais do que contas, o que importa para o Inter é crescer em recorrência e TPV, ou seja, fazer esses 12 milhões de clientes efetivamente usarem o app no dia a dia.

É aí que entra outro braço importante da empresa: a Inter Shop, o marketplace do Inter. Segundo a empresa, R$ 774 milhões foram transacionados no marketplace, um crescimento de 531% sobre igual período do ano passado. A quantidade de vendas realizadas pela Inter Shop também cresceu, ou melhor, triplicou, para 5,2 milhões. No segundo trimestre, a empresa conseguiu atrair 423 mil de seus usuários para a Inter Shop. Ao todo, o marketplace do Inter já tem 2,1 milhões de clientes ativos.

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Alexandre Riccio de Oliveira, vice-presidente do Inter, e Helena Lopes Caldeira, CFO e responsável pelas relações com investidores, disseram a analistas que o investimento de R$ 2,5 bilhões da Stone, anunciado em maio como âncora do follow-on no qual a empresa levantou R$ 5,5 bilhões, está resultando em parcerias comerciais que podem potencializar o alcance da Inter Shop, e que os resultados disso serão vistos nos próximos meses.

Ao responder um analista sobre o que faltaria para fazer a Inter Shop deslanchar, o presidente João Vitor Menin disse que a empresa faz um brainstorming constante sobre o quanto investir em marketing e cashback para acelerar esses crescimento. “O cashback é muito pensado como uma despesa de marketing pra gente, porque a experiência [da Inter Shop] já é a melhor experiência de compra online do mercado. No Inter Day [dia de promoções que a Inter Shop promoveu pela segundo vez neste ano, chegando a R$ 96 milhões em GMV], a gente investiu pesado nisso mesmo. Sobre outras verticais, incluindo logística, a gente vê que tem empresas que fazem tudo isso muito bom. Então faria mais sentido parceria B2B com essas empresas [do que construir algo dentro de casa]”, disse Menin.

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Mas a diversificação de verticais e produtos do Inter vai bastante além disso. As áreas de investimentos (Inter Invest) e seguros (Inter Seguros) são destaques nesse sentido.

O Inter terminou junho com 532 mil segurados, com receitas que triplicaram em relação ao segundo trimestre do ano passado, para R$ 21,6 milhões. Já a operação Inter Invest fechou o segundo trimestre com R$ 63,5 bilhões sob custódia, 140% a mais do que no mesmo período do ano passado, e 1,7 milhão de clientes ativos, isto é, com investimentos no Inter.

Crescimento na área de crédito “está dado”, diz Menin

A originação de crédito entre abril e junho totalizou R$ 4,8 bilhões no Inter, elevação de 212% frente ao mesmo período do ano passado e de 29,7% na base trimestral. No caso das empresas, alcançou quase R$ 2,8 bilhões. Aos analistas, Menin disse que o potencial de crescimento do Inter nessa área está claro. “Quando olhamos a penetração do PIX temos 10%. Já quanto olhamos para imobiliário, temos menos de 1%, consignado, de novo, menos de 1%… Temos know-how e capital, Basileia de 60%, então eu diria que tá dado. É algo que tá dado. Vocês vão ver um crescimento muito grande no crédito nos próximos anos”, disse.

O presidente do Inter também disse que o que faltava para tornar a conta do app mais completa era a operação com cartões, e é o que deve alavancar o crescimento do crédito no dia a dia. O Inter transacionou R$ 9,4 bilhões em cartões no segundo trimestre de 2021, 24,4% sobre o trimestre anterior e mais que o triplo no mesmo período do ano passado. Para ele, é isso que ajudará, mais rapidamente, o valor médio dos depósitos dos clientes do Inter subir mais nos próximos meses. “Estamos falando de carteira ampliada, de outros produtos relacionados, não de rotativo”, frisou Menin.

No segundo trimestre deste ano, o depósito médio dos clientes do Inter ficou em R$ 1.300, valor maior que os R$ 1.117 do trimestre anterior.

Toda essa diversificação de operações exigiu que o Inter também aumentasse seu quadro de funcionários. São mais de 3,1 mil colaboradores agora. “Nosso principal ativo são as pessoas, são elas que fazem a gente lançar novos produtos, melhorar cross-selling de produtos, dia após dia”.