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Investimentos anjo em startups no Brasil têm queda de 20% em 2020, diz Anjos do Brasil

Redução nos investimentos significa um retrocesso de quatro anos no volume de capital alocado; número de investidores individuais também caiu

Foto: Shutterstock
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O volume de investimentos anjo em startups brasileiras caiu 20% em 2020 na comparação com o volume aportado em 2019, o que significa um retrocesso de quatro anos no volume de capital alocado. Ao todo, as startups brasileiras receberam R$ 856 milhões de investidores anjos no ano passado. O número de investidores também teve uma queda de 15%; hoje, são 6.956 investidores anjo no Brasil. Os dados são de pesquisa conduzida pela Anjos do Brasil, uma organização sem fins lucrativos de fomento e apoio ao empreendedorismo no Brasil.

De acordo com o relatório, a redução do capital aportado foi puxada pelos investidores passivos, aqueles que são procurados por startups. Por outro lado, o volume de investimentos feitos por investidores proativos, aqueles que procuram as startups para investir, aumentou, mas não o suficiente para manter o volume no patamar de 2019. 

Na avaliação da organização, o recuo de investidores passivos é reflexo da falta de ações de estímulo para os investimentos. Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil, defende a criação de políticas públicas para estimular esse ecossistema. “O investimento em startups precisa de estímulo e apoio para crescer e atingir todo seu potencial, que estimamos que seja de R$ 12 bilhões ao ano”, diz.

O executivo aponta ainda a necessidade de o Congresso voltar a discutir a equiparação de tratamento tributário entre o investimento em startups e investimentos com incentivos, pauta não contemplada pelo Marco Legal das Startups. “O Marco Legal não trouxe os avanços necessários. No curto prazo esperamos que derrubem o veto ao Art. 7 que pelo menos permitia a compensação de perdas com ganho.”

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A pesquisa mostra que a perspectiva dos investidores para 2021 é de que os aportes tenham um aumento de 15% e voltem para os níveis de 2019, mas, segundo a organização, ainda é insuficiente para atender o mercado crescente de startups brasileiras.

Em relação aos setores que mais despertaram o interesse dos investidores anjo, destaque para as agritechs, as startups focadas em soluções voltadas ao agronegócio, que são o tipo de negócio preferido por 46,3% dos investidores consultados. Em seguida vêm as edtechs (40,7%) e as fintechs (40,2%).