Nos últimos cinco anos, startups brasileiras voltadas para o agronegócio, as agtechs, viram o volume de investimentos e o número de rodadas saltar de US$ 15,3 milhões distribuídos em 15 rodadas em 2017, para US$ 109,2 milhões investidos em 34 rodadas em 2021. Em 2022, até o início de maio, foram apenas 10 rodadas, porém com cheques mais gordos, totalizando a injeção de US$ 54,7 milhões em investimentos, mais da metade do total captado por agtechs no ano passado.
Os dados constam no AgTech Pocket Report 2022, produzido pela plataforma de inovação Distrito. O estudo mapeou 366 agtechs brasileiras divididas em sete categorias:
- Agricultura de precisão (soluções para coleta de dados, softwares de apoio e big data analytics);
- Miscelânea (startups que prestam serviços essenciais para o agronegócio, mas não se enquadram como agtech, a exemplo de fintechs e edtechs voltadas para o setor);
- Automação e robotização (máquinas de uso agropecuário, robotização da produção e automação do agronegócio);
- Biotecnologia (soluções biológicas para uso agropecuário e agroindustrial como genética e bioenergia);
- Marketplace (plataformas para negociação de insumos e commodities, aluguel de equipamentos e compra de produtos agrícolas);
- Midstream technologies (serviços de logística, transporte, rastreabilidade e segurança alimentar);
- Novel farming (métodos inovadores de produção).
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Considerando as startups mapeadas no relatório, o Brasil tem uma maior concentração de agtechs de agricultura de precisão: são 129 empresas que, juntas, receberam US$ 170,1 milhões em investimentos, considerando rodadas desde 2009. Em seguida, vêm as startups que desenvolvem serviços para o agronegócio, como agfintechs, somando 61 empresas e US$ 81,9 milhões em investimentos recebidos. Completam o ranking as agtechs de automação e robotização: são 52 empresas desse tipo que, juntas, já captaram US$ 40,4 milhões.
Quando se olha o estágio dos investimentos, percebe-se que o potencial de crescimento das agtechs brasileiras: apenas as startups de agricultura de precisão já conseguiram levantar Séries C, por exemplo.
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O relatório aponta ainda três tendências para esse mercado: a produção de carne em laboratório, por meio da manipulação genética e criação de animais a partir de fertilização in vitro. “As vantagens dessa tecnologia seriam inúmeras, entre elas, a redução de emissão dos gases relacionados ao efeito estufa, menor impacto ambiental (principalmente relacionado ao desmatamento para utilização de áreas de pastagens e plantação de grãos para ração dos animais) e adoção do público vegano a esse tipo de produto”, diz o estudo.
As outras duas tendências são a regularização do mercado de carbono no Brasil, que deve estimular a criação de novas soluções para tornar o mercado agropecuário carbono neutro; e a redução exponencial da liberação de gás carbônico durante a produção das commodities.