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JBS compra empresa de alimentos de base vegetal Vivera por € 341 milhões

Vendo a ascensão das food techs, a gigante da proteína animal não quis ficar fora da festa do "flexitarianismo"

Marca da JBS
Logotipo da JBS visto em unidade da companhia na cidade de Jundiaí (SP). Foto: REUTERS/Paulo Whitaker/ Arquivo
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  • Segundo o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, a Vivera dará “musculatura” em “plant-based” para a companhia, que ainda tem um negócio relativamente pequeno nesse segmento;
  • Conta com a empresa Planterra, nos EUA, que comercializa a marca OZO, além da linha Incrível, da brasileira Seara, que detém liderança nacional em hambúrgueres vegetais.

A JBS, maior produtora de carnes do mundo, voltou às compras, mas dessa vez para adquirir uma companhia de proteínas vegetais, a europeia Vivera, por € 341 milhões, de olho no forte crescimento do mercado vegetariano, conforme fato relevante divulgado nesta segunda-feira.

Com um portfólio de 50 produtos, a Vivera tem três unidades fabris na Holanda, além de um centro de pesquisa e desenvolvimento no mesmo país, para atender um segmento que cresce cerca de 20% ao ano na Europa, especialmente entre holandeses, alemães e ingleses, que respondem por 60% do mercado de “plant-based” europeu.

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As ações da JBS subiam mais de 4% na tarde desta segunda-feira, com analistas citando que o mercado de produtos vegetarianos é de maior valor agregado. Eles disseram ainda que a transação da Vivera colabora para a empresa diversificar sua atuação, ao mesmo tempo em que aponta que a companhia está de volta às aquisições.

Segundo o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, a Vivera dará “musculatura” em “plant-based” para a companhia, que ainda tem um negócio relativamente pequeno nesse segmento. Conta com a empresa Planterra, nos EUA, que comercializa a marca OZO, além da linha Incrível, da brasileira Seara, que detém liderança nacional em hambúrgueres vegetais.

É um segmento que cresce globalmente… Seremos um ‘player’ relevante nesse setor, a aquisição faz sentido estratégico, acelera muito a nossa estratégia no segmento de ‘plant-based’

Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS.

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“O segmento de ‘plant-based’ na JBS é pequeno, mas o importante é que ele tem altas taxas de crescimento”, acrescentou o CEO, sem citar números.

Enquanto a Vivera fatura cerca de US$ 100 milhões ao ano, configurando-se na terceira maior empresa de “plant-based” da Europa, disse o CEO, a receita líquida consolidada da JBS foi de R$ 270 bilhões em 2020, com a maior parte sendo originária do Hemisfério Norte.

“É importante… a Vivera está em 25 países na Europa”, destacou Tomazoni, salientando que a JBS também está comprando a tecnologia da companhia europeia, que poderá ser compartilhada com o grupo no futuro, após a aprovação do negócio pelas autoridades reguladoras. O executivo da JBS disse ainda que a Vivera tem crescido nos últimos anos entre 25% a 30% ao ano, também graças a um time de administração competente.

“Juntar forças com a JBS nos dá acesso a recursos significativos e capacidades para acelerar nossa atual trajetória de forte crescimento”, disse o CEO da Vivera, Willem van Weede, conforme nota da JBS.

O negócio anunciado pela JBS nesta segunda-feira vai na linha de movimento de seus concorrentes, que também buscam tirar proveito do crescimento do mercado de produtos vegetarianos – de olho principalmente nos “flexitarianos”, ou seja, em pessoas que não deixaram de comer carne, mas querem reduzir a presença da proteína animal na rotina porque sabem que isso é mais saudável.

Em maio do ano passado, a Marfrig anunciou a criação da joint venture PlantPlus Foods com a ADM para fabricação e venda de carne e outros produtos com base vegetal nas Américas do Sul e do Norte.

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A BRF, outra competidora da JBS, também têm uma linha de produtos vegetarianos, incluindo hambúrger e nuggets vegetais.

Segundo o CEO da JBS, a empresa está sempre em busca de oportunidades.”Temos olhar muito ativo no mercado M&As, mas tem que fazer sentido estratégico e estar no preço certo”, comentou ele, ecoando a lógica da aquisição da Vivera.

Questionado, ele repetiu que a listagem de unidade da JBS nos Estados Unidos deverá ocorrer e que é apenas uma questão de “quando”, e não “se”.Mas evitou dar detalhes. “Vai sair… Estamos avaliando qual é o melhor modelo que traga maior valor ao acionista.”