Negócios

Merama levanta nova rodada de US$ 225 milhões liderada por SoftBank e Advent

Aporte acontece apenas cinco meses após a Série A da startup de aceleração de marcas focada no e-commerce; Merama projeta US$ 250 milhões em receita gerada no primeiro ano de operação

MERAMA
Guilherme Nosralla e Renato Andrade, cofundadores da Merama. Foto: Merama/Divulgação
Read in englishLeer en español

A Merama, uma startup latino-americana de aceleração de marcas de varejo com ênfase no e-commerce, acaba de anunciar um aporte Série B de US$ 225 milhões (o equivalente a R$ 1.15 bilhão) liderado pelos fundos SoftBank Latin America e Advent International. Também participaram a Globo Ventures, o braço de investimentos do grupo de comunicação Globo, e os fundos Monashees, Valor Capital, Balderton Capital e MAYA Capital, que já haviam investido na Série A da startup. 

Essa rodada de equity acontece apenas cinco meses após a Merama levantar US$ 160 milhões, em abril, quando a empresa havia recém completado cinco meses de operação (estreou no mercado em dezembro de 2020). A ascensão rápida da startup segue o aquecimento do mercado  de e-commerce da América Latina: dados recentes da LAVCA (Associação para Investimentos de Capital Privado na América Latina) mostram um aumento de 71,9% nos investimentos de risco no e-commerce em 2020.

Além disso, os investidores têm olhado com mais atenção para os chamados “agregadores de marcas”, modelo da Merama, e das mexicanas Valoreo e Wonder Brands, que também levantaram rodadas recentemente. A própria Advent investe na Thrasio, o maior adquirente global de marcas Amazon. 

LEIA TAMBÉM: De volta para o futuro: a estratégia de inovação da Via tem tudo a ver com o legado da empresa

O crescimento da startup também chama a atenção. Desde a Série A, a Merama reporta ter dobrado de tamanho e estar próxima de bater a marca de US$ 250 milhões em receita gerada em 2021. O capital recém injetado vai ser usado para ampliar o portfólio de marcas da startup, fornecer capital de giro para as marcas existentes e desenvolver uma plataforma exclusiva de ferramentas tecnológicas, como automação do planejamento da demanda e gerenciamento de suprimentos de múltiplas origens internacionais, para aceleração das marcas emergentes. 

A rodada também traz Paulo Passoni, managing partner do SoftBank para a América Latina, e Wilson Rosa, sócio responsável pelos investimentos em varejo da Advent International na América Latina, para o conselho de administração da Merama. Alex Szapiro, operating partner da Softbank e ex-Country Manager da Amazon Brasil, ingressará como board observer. 

LEIA TAMBÉM: Startup Merama quer ser maior aceleradora de marcas digitais da América Latina

De acordo com Passoni, a Merama construiu até aqui um portfólio seleto e o objetivo é desenvolver marcas líderes no mercado de e-commerce em toda a América Latina. Atualmente, mais de 30 marcas compõem o portfólio da startup, em países como Brasil, México, Chile, Colômbia, Peru e Estados Unidos. 

“A América Latina é uma referência em crescimento, onde o comércio eletrônico e os melhores varejistas online estão expandindo exponencialmente. Faz mais sentido se concentrar nas melhores marcas, em líderes de categoria de fato”, afirma Guilherme Nosralla, cofundador da Merama ao lado de Renato Andrade, do mexicano Felipe Delgado e do americano Sujay Tyle, hoje CEO da startup

LEIA TAMBÉM: Shopee dobra suas apostas no Brasil

Merama quer ser a maior aceleradora de marcas digitais da América Latina

Com sede no Brasil e no México, a companhia iniciou suas operações em dezembro passado com a meta de ser o principal player de marcas próprias da região e o maior parceiro de gigantes do varejo e do e-commerce, como Mercado Livre, Amazon, Magazine Luiza, B2W e Via Varejo. Uma espécie de Unilever latino-americana. 

“A Merama tem uma proposta de ser uma holding, um grande conglomerado de marcas focadas em plataformas digitais. É uma adaptação do modelo de empresas que já vêm fazendo isso nos Estados Unidos e em países europeus, os famosos agregadores. Nós adaptamos esse modelo para a América Latina,” explicou Andrade em entrevista recente ao LABS.

LEIA TAMBÉM: Amazon no Brasil: o despertar de um gigante

O negócio da Merama é baseado em escala, o que também explica o volume das rodadas até aqui, já que precisa do caixa cheio para trazer as marcas para o seu portfólio. Na prática, a Merama se concentra em identificar as marcas que mais se destacam em cada categoria e comprar uma fatia majoritária delas, permitindo que os empreendedores continuem operando o dia a dia como parceiros, com acesso a tecnologia, capital e auxílio de uma equipe especialista em e-commerce.

“O e-commerce cresce muito na América Latina, é uma região que já tem muitos negócios bem sucedidos, mas os empreendedores têm desafios. Por exemplo, ele cresce, mas reinveste todo o lucro. Ao mesmo tempo, falta capital para turbinar o negócio. A Merama solta as amarras de crescimento. A gente oferece o capital e as condições para que a operação tenha liquidez, mas também deslanche no digital e internacionalize,” disse Nosralla ao LABS.