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Olist compra startup de tecnologia e logística PAX

É o segundo M&A da startup em menos de um mês; Olist quer ampliar seis vezes as atividades de cross docking

Foto: Divulgação
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  • A PAX possui cinco centros de cross docking em funcionamento no Brasil;
  • A startup irá focar na expansão do first mile, acelerando os diferentes pilares de logística no Olist.

A startup brasileira Olist, que opera com solução de vendas para o e-commerce, anunciou nesta segunda-feira (21) a aquisição da startup de logística PAX, com o objetivo de ampliar em seis vezes as atividades de cross docking (sistema de distribuição em que o produto é despachado para um centro de distribuição e a redistribuição para o consumidor é imediata). O valor da transação não foi divulgado, mas foi parcialmente em dinheiro e em ações.

Em conversa com o LABS, Eduardo Ferraz, CFO do Olist, explicou que os fundadores da PAX irão integrar o Olist com funções de liderança em logística e tecnologia, como faziam anteriormente na PAX. Ao todo, 60 novos funcionários já estão trabalhando com as equipes do Olist.

É a segunda aquisição de startup em menos de um mês. Em novembro, o Olist recebeu uma rodada de R$ 310 milhões liderado pelo SoftBank Group e anunciou a compra da Clickspace, de soluções para marketplaces.

Olist’s facade. Photo: Eduardo Macarios/Courtesy

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O CMO do Olist, Saulo Marti, contou ao LABS em novembro que o aporte seria usado em fusões e aquisições estratégicas, que fazem parte do plano de expansão da empresa. Segundo o Olist, a aquisição da PAX também fortalece a presença da marca no segmento de comércio eletrônico e marketplaces. 

A PAX possui cinco centros de cross docking em funcionamento nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, onde já coleta dos vendedores do Olist e leva os produtos ao centro de cross-docking, para fazer “a última milha” utilizando operadores de mercado como Loggi, Jadlog e Correios, além da própria PAX, como colaboradora de última milha.

Com a compra, o Olist tem como plano fechar 2021 com 30 novos hubs nas principais cidades do país e se tornar o pioneiro na coleta de pedidos diários. Ferraz explicou que com um serviço de logística e conveniência o Olist pode entregar em um a três dias, quando antes o produto demoraria de sete a 10 dias.

Segundo Ferraz, a PAX não atua apenas para o Olist. É uma operadora de terceiros, com outros clientes como as redes de supermercados Pão de Açúcar e Carrefour. “Vamos atender pedidos de terceiros. A PAX terá um papel duplo no nosso ecossistema, será tanto complementar às nossas soluções de venda Olist Shops e Olist Store, como também servir o mercado. A empresa é competitiva, vamos expandir essa atuação para clientes externos a partir do ano que vem”, disse.

Após um ano e nove meses de operação, a PAX focará na expansão do first mile, acelerando os diferentes pilares da logística do Olist e possibilitando a integração com outras operadoras. O objetivo é ajudar o lojista a vender mais, a partir da redução do prazo de entrega, fator decisivo na hora de fazer compras, segundo o Olist. A PAX é uma plataforma semelhante a um “Uber de logística”, com 4.000 motoristas cadastrados, que une a demanda dos varejistas aos motoristas disponíveis.

“Vamos aumentar nossa capacidade produtiva para centenas de milhares de pedidos por mês. Esse M&A terá um impacto considerável no nosso negócio como um todo, uma vez que com a eficiência no prazo de entrega, conseguimos ser ainda mais competitivos para entregar a melhor experiência para o consumidor e gerar valor para nossos parceiros”, disse Tiago Dalvi, CEO do Olist, em comunicado à imprensa.

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As aquisições não devem parar por aqui. Segundo Ferraz, uma das prioridades da startup é a dinâmica de aquisições em mercados e produtos que façam sentido para o negócio, e os players disponíveis geralmente são as PMEs, uma vez que o negócio de aquisição é mais arrojado quando a empresa é maior (e exige a aprovação do Banco Central do Brasil e do Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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De acordo com a startup, o frete pode ser um entrave para a conclusão das compras. O Olist cita que pesquisas feitas pelo Facebook mostram que 90% dos consumidores disseram que se importam com o tempo que os produtos levam para serem entregues e 71% declararam estar insatisfeitos com o valor do frete. 

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“Em tempos de crescimento expressivo do mercado online, é preciso estar atento a todos os diferenciais que as empresas podem oferecer para uma jornada de compra memorável. O uso da tecnologia na logística trazendo, por exemplo, a rastreabilidade do produto é fundamental, tanto para o consumidor, quanto para a empresa, e o know how do Olist e da PAX estão em linha com essa estratégia”, ressalta Dalvi.

*Essa história foi atualizada para corrigir um erro: foi o SoftBank Group que liderou o aporte e não o Valor Capital Group