A ONEVC, fundo de venture capital com sede no Brasil e nos Estados Unidos que costuma aportar entre US$ 400.000 e US$ 1 milhão em rodadas pre-Seed e Seed, lançou seu segundo fundo de investimentos voltado para startups em estágio inicial da América Latina.
A gestora concluiu a primeira captação de cerca de US$ 18 milhões e espera fechar o fundo em US$ 40 milhões. Desse montante, 65% será destinado para startups brasileiras e 35% para startups em estágio inicial da Colômbia, Chile e México. A ONEVC tem de 18 a 25 empresas na mira.
Bruno Yoshimura, um dos fundadores da ONEVC junto com Alexandre Noschese, Arthur Brennand e Eduardo Campos, explicou ao LABS que a gestora olha com atenção para empresas de tecnologia com maior foco em Software as a Service (SaaS), Infrastructure as a Service (IaaS), além de fintechs B2B e B2C, proptechs, agtechs e martkeplaces. A ONEVC também estuda investir em insurance techs, voltadas para soluções de seguros, “essa é nossa aposta futura, vemos movimentos regulatórios interessantes no Brasil e na América Latina nessa área,” disse.
Junto com a primeira captação de US$ 18 milhões, a ONEVC já garantiu três investimentos em startups brasileiras: uma fintech com foco no mercado de saúde, que oferece crédito para acesso a clínicas populares de saúde; uma legal tech voltada para um público-alvo potencial de mais de 70 milhões de brasileiros e uma startup de social-commerce.
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Ao investir em uma startup, Yoshimura afirma que a ONEVC aporta mais do que capital. Ele destaca a ajuda para recrutar talentos – “ajudamos na contratação de profissionais seniores, a fazer conexões, montar um time de qualidade” – e a trazer capital dos Estados Unidos.
A ONEVC gosta de colaborar com fundos americanos. Mas aí o fundo americano vai investir no México ou no Chile, mas ele não entende o México e o Chile. A gente ajuda a conectar o fundo com a startup e a traduzir a América Latina para eles.
bruno yoshimura, cofundador da onevc
De olho no potencial da América Latina
A aposta da ONEVC no ecossistema de inovação e tecnologia latino-americano, e especialmente no brasileiro, tem razão de ser. Yoshimura avalia que o Brasil alcançou um nível de maturidade maior em comparação aos vizinhos.
“Temos visto o número de empresas que levantaram venture capital há menos seis ou cinco anos fazendo IPO na B3, o que antes era impensável. E isso é ótimo para o ecossistema, porque as empresas não precisam ficar enormes para fazer IPO fora do país. O Brasil também tem um número maior de empreendedores que estão na segunda startup, que já têm a experiência de startup, isso é algo menos comum no Chile e no México, por exemplo.”
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Por outro lado, esses países atraem mais os fundos americanos. Yoshimura explica que os fundos americanos “perderam o bonde do Brasil”, que já conta com fundos estabelecidos e bem posicionados, que competem diretamente com os fundos americanos. “Agora, esses fundos estão apostando em México e Chile. Nós trabalhamos colaborativamente com eles, para nós faz sentido investir nesses países também.”
De acordo com a gestora, o número de empresas analisadas nesses países cresceu expressivamente nos últimos dois anos. Recentemente, a ONEVEC trouxe para o portfólio a primeira empresa chilena, uma startup chama Houm, que fornece uma solução para conectar proprietários de imóveis a inquilinos ou possíveis compradores.
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A maior parte do montante levantado até aqui para o segundo fundo veio de investidores family office do Brasil e Europa e empresários do setor de tecnologia. Entre as startups que receberam investimento da ONEVC estão a Rappi, a Loggi, a Bxblue e Rocket.Chat.
O primeiro fundo de investimentos da ONEVC foi lançado em 2019 e investiu US$ 38 milhões em 24 empresas. Dessas, 14 já levantaram rodadas pós-Seed. Segundo a gestora, as startups do portfólio da ONEVC já levantaram mais de US$ 133 milhões após os investimentos originais.