- No Brasil, o ponto de inflexão veio com o lançamento do PIX, em novembro. As transações registradas nos dois primeiros meses de operação do sistema, aliadas ao crescimento das carteiras digitais, levaram a um salto de 58% no número de transações desse tipo no país;
- No México, o uso do Cobro Digital (CoDi), a plataforma de pagamentos instantâneos lançada em setembro de 2019, não foi exatamente impulsionado pelo COVID-19 – a pandemia, na verdade, estragou as primeiras fases do CoDi, focadas em transações presenciais. Ainda assim, mais mexicanos estão usando a solução.
Um novo relatório da ACI Worldwide em parceria com a GlobalData mostra que mais de 70,3 bilhões de transações em tempo real foram processadas globalmente em 2020, um aumento de 41% em relação a 2019. Brasil e México aparecem entre os 10 principais mercados de pagamentos instantâneos, com 1,3 bilhão de transações e 942 milhões transações, respectivamente, feitas no ano passado.
A pandemia do novo coronavirus impulsionou esses números. Com milhões de pessoas em todo o mundo tendo de mudar a maneira como vivem (e pagam pelas coisas), a adoção de métodos de pagamento instantâneo e carteiras digitais atingiu níveis históricos em muitos países.

No Brasil, o ponto de inflexão veio com o lançamento do PIX, em novembro. As transações registradas nos dois primeiros meses de operação do sistema, aliadas ao crescimento das carteiras digitais, levaram a um salto de 58% no número de transações desse tipo no país. O volume financeiro dessas transações também aumentou consideravelmente, de US$ 1,4 trilhão em 2019 para US$ 1,66 trilhão no ano passado.
“Este forte crescimento [em transações instantâneas] deve continuar até 2025, com um CAGR [taxa de crescimento anual composta] de cinco anos de 25,3%”, diz o relatório. A ACI Worldwide projeta que em 2025 o Brasil chegará a 4,1 bilhões de transações em tempo real, com os pagamentos eletrônicos respondendo por quase 30% do total e as transações instantâneas, por 67,6%. É uma grande aposta em um país onde os pagamentos em dinheiro ainda prevalecem.
O PIX funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, com compensação e liquidação em tempo real e pode suportar uma ampla gama de pagamentos: P2P (entre pessoas), C2B (entre pessoas e negócios), C2G (entre pessoas e serviços públicos/governos) e B2G (empresas e governo). Os usuários podem fazer transferências por meio de vários canais usando suas chaves ou lendo um código QR com um smartphone.
No México, o uso do Cobro Digital (CoDi), a plataforma de pagamentos instantâneos lançada em setembro de 2019, não foi exatamente impulsionado pelo COVID-19 – a pandemia, na verdade, estragou as primeiras fases do CoDi, focadas em transações presenciais. Ainda assim, mais mexicanos estão usando a solução. Em dezembro, uma pesquisa do Banxico, o Banco Central do país, descobriu que 4% da população usava o SPEI contra 0,5% antes da pandemia; e quase 1% dos mexicanos agora usam o CoDi em comparação a um número ínfimo em 2019.
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A estrutura por trás do CoDi é o SPEI, o sistema de pagamentos de liquidação bruta em tempo real do México, lançado em 2004 e usado principalmente para transações entre bancos e empresas. Fazer uma transação via SPEI, no entanto, é muito mais complicado (até enfadonho) do que via CoDi. É por isso que o futuro dos pagamentos em tempo real no país está realmente na plataforma lançada em 2019.
Em 2025, a ACI Worldwide projeta que o México registrará mais de 1,7 bilhão de transações instantâneas, com um crescimento anual de 12,4% até lá.
Enquanto as transações P2P e C2B respondem pela maior parte do volume atual de pagamentos em tempo real nos 48 mercados estudados pela ACI Worldwide e GlobalData, as soluções B2B são aquelas que prometem gerar um volume muito maior em pagamentos nos próximos anos, alavancando as transações eletrônicas. O desenvolvimento do e-commerce também devem acelerar os pagamentos instantâneos na América Latina nos próximos anos – a região é que mais cresce nesse setor no mundo atualmente.