O PayPal fez uma oferta para comprar a rede social Pinterest por US$ 45 bilhões, de acordo com fontes com conhecimento sobre o assunto. Se for consolidado, o negócio bilionário poderá gerar uma série de novas oportunidades combinando tecnologia financeira, mídias sociais e e-commerce.
As tratativas acontecem em um momento em que os consumidores compram cada vez mais por meio das plataformas de mídias sociais, como Instagram e TikTok, muitas vezes a partir de posts de influenciadores. Com o Pinterest, o PayPal poderia abocanhar uma fatia considerável das compras via social commerce e diversificar seus lucros com receita publicitária.
“Essa combinação seria muito positiva para as estratégias de monetização do PayPal, especialmente se a plataforma do Pinterest for integrada com a inteligência artificial da Honey no app do PayPal”, disseram analistas de Wedbush em nota.
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O boom gerado no comércio eletrônico nos últimos meses por causa das medidas de isolamento social ajudou a elevar o valor das ações do PayPal em cerca de 36%, dando à empresa um valor de mercado de quase US$ 320 bilhões.
Já o Pinterest foi avaliado em cerca de US$ 13 bilhões quando se tornou uma empresa pública em 2019. O Pinterest também viu sua base de usuários aumentar significativamente durante a pandemia. À medida que as restrições diminuíram, no entanto, o Pinterest viu o crescimento de sua base de usuários desacelerar, principalmente nos Estados Unidos, hoje seu maior mercado. A plataforma afirmou que espera crescer a receita através de um engajamento maior com os usuários existentes, em vez de trazer novos.
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O PayPal ofereceu US$ 70 por ação para o Pinterest, a maioria em ações, segundo informou uma das fontes ouvidas pela reportagem. O provedor de pagamentos on-line espera negociar com sucesso e anunciar um acordo até novembro.
A oferta do PayPal representa um prêmio de 26% ao preço de fechamento das ações da Pinterest, que estavam valendo US$ 55,58 na terça-feira, e equivale a 62 vezes os ganhos da empresa de mídia social antes de juros, impostos, depreciação e amortização nos últimos 12 meses, de acordo com a Eikon.
Por essa métrica, a Microsoft pagou 79 vezes os ganhos da LinkedIn quando a adquiriu. O Pinterest, entretanto, estaria dando a seus acionistas parte das ações da PayPal, numa aposta de que essa “moeda” apreciaria ao longo do tempo, à medida que as empresas combinadas obtenham receitas e sinergias de custos.
Nos últimos anos, o PayPal fortaleceu sua operação no comércio eletrônico através de aquisições: comprou a Honey Science em 2019 por US$ 4 bilhões e a empresa japonesa buy-now-pay-later (BNPL) por US$ 2,7 bilhões no início desse ano. Também adquiriu o provedor de serviços de devolução Happy Returns em maio.
O boom do social-commerce
Plataformas de mídia social, incluindo as gigantes como Facebook, Instagram, Youtube, Twitter e Snap, estão investindo pesado em funcionalidades e recursos de compras dentro de seus apps para impulsionar o crescimento de receita. As empresas estão competindo por uma fatia do mercado de social commerce, um modelo de negócios nascido na China que conta com a capacidade dos usuários de descobrir e comprar produtos por meio dos apps de mídia social.
Pesquisas do eMarketer/Insider Intelligence mostram que as vendas realizadas nesse modelo de negócio podem chegar a US$ 351,65 bilhões em 2021 só na China, um aumento de 35,5% em relação ao ano anterior. Os dados também mostram que mais da metade dos compradores digitais com idade igual ou superior a 14 anos do país farão pelo menos uma compra através de plataformas de redes sociais no nesse ano.
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Agora, o modelo está rapidamente se popularizando também em outros países. Em 2021, as vendas de social commerce dos Estados Unidos aumentarão em 35,8%, chegando a US$ 36,62 bilhões. Brasil e México, as duas maiores economias da América Latina, também devem alcançar índices consideráveis de adesão ao social commerce, com 38,7% e 30,9% dos compradores digitais realizando pelo menos uma compra via redes sociais, respectivamente.
Nesse contexto, analistas disseram que as negociações do PayPal com o Pinterest destacam o potencial da união entre empresas de mídia social e fintechs para abocanhar fatias do social commerce. “O social commerce está crescendo nos Estados Unidos e ninguém domina esse mercado, ainda. Portanto, ao invés de ir contra a Amazon, o PayPal está fazendo uma aposta em um tipo diferente de modelo de compras”, disse o analista de comércio eletrônico Joe Kaziukėnas.