O PIX, sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, é “muito mais barato” para lojistas do que pagamentos com cartões, apontou um artigo publicado nesta quarta-feira (23) pelo órgão que é considerado o banco central dos bancos centrais, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), destacando seu potencial de crescimento entre empresas após sua vertiginosa ascensão entre pessoas físicas.
De acordo com o documento, que também teve a participação de economistas do Banco Central brasileiro – Angelo Duarte, chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, e Priscilla Koo Wilkens, da mesma equipe –, o PIX tem um custo médio de 0,22% por transação para os lojistas brasileiros, enquanto os cartões de débito custam pouco mais de 1% e os cartões de crédito, 2,2%.
O sistema de pagamentos instantâneos também é mais competitivo do que a taxa de cartão de crédito de 1,7% nos Estados Unidos, 1,5% no Canadá e 0,3% na União Europeia, salientou a publicação.
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Lançado em novembro de 2020, o PIX é gratuito para pessoas físicas, mas a autoridade monetária permitiu que bancos e instituições de pagamento definissem livremente os custos para as empresas, tanto para transferências quanto para recebimentos de recursos.
O documento do BIS destacou que as operações entre pessoas físicas ainda são dominantes no Brasil, mas reduziram sua participação para cerca de 75% do total de transações no PIX em fevereiro, com os pagamentos de pessoas para empresas (P2B) rapidamente ganhando terreno.
“Um aumento adicional no uso P2B é esperado ao longo do tempo, já que novos serviços, como débito automático e pagamento de contas eletrônicas, estão programados para serem lançados em um futuro próximo”, observaram os economistas.
Boa notícia para as empresas, má notícia para as adquirentes?
O uso crescente do PIX pelo comércio pode prejudicar (ainda mais) empresas adquirentes, como a Cielo, controlada pelo Banco do Brasil e Bradesco, e a Rede, do Itaú, uma vez que suas receitas estão vinculadas ao uso de cartões em suas máquinas.
Esse grupo também inclui empresas como PagSeguro, Stone e GetNet, esta última controlada pelo Santander Brasil.
Cerca de 9,1 milhões de empresas aderiram ao PIX, o que representa 60% das pessoas jurídicas com alguma relação com o sistema financeiro nacional, apontou o documento. Uma pesquisa do Sebrae, publicada em janeiro deste ano, também apontou que 8 em cada 10 pequenos negócios no país – faixa que representa praticamente 30% do PIB nacional – já usaram PIX alguma vez.
Apenas 15 meses após seu lançamento, o PIX já foi utilizado por 114 milhões de pessoas no Brasil – 67% da população adulta – movimentando R$ 6,7 trilhões e atingindo o patamar dos cartões de crédito e débito.