Um relatório publicado pela Temenos, empresa global de software bancário que atende mais de 3 mil bancos em todo o mundo, mostrou que 65% dos executivos acreditam que o modelo tradicional baseado em agências se tornará obsoleto em cinco anos e que os bancos serão, sobretudo, grandes ecossistemas digitais. Quatro anos atrás, esse percentual era de 35%.
Produzida pela The Economist Intelligence Unit, a pesquisa intitulada “Quebrando barreiras: os bancos podem se mudar dos centros das cidades para ecossistemas digitais?” ouviu mais de 300 executivos bancários de todo o mundo. A pesquisa incluiu entrevistados de bancos varejistas, corporativos e privados na Europa (25%), América do Norte (24%), Ásia-Pacífico (18%), América Latina (17%) e África e Oriente Médio (16%).
A grande maioria acredita que se trata de um caminho sem volta: os bancos estão concentrando esforços e investimentos em cibersegurança, inteligência artificial e computação em nuvem para acelerar projetos no digital.
Ainda, 47% dos entrevistados espera que os bancos em que trabalham se tornem ecossistemas digitais nos próximos dois anos, por meio de parcerias com outras empresas. Cerca de 38% dos bancos estão inovando através do investimento em ou aquisição de fintechs, enquanto 24% relatam participar de sandboxes para testar novas propostas.
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Kanika Hope, diretora de estratégia da Temenos, diz que o open banking e o aumento da concorrência com a entrada de fintechs e bancos digitais, estão obrigando os bancos a repensarem seus modelos tradicionais de negócio.
“Muitos agora querem desenvolver ecossistemas digitais que tragam experiências mais humanas e diferenciadas para seus clientes usando o poder da nuvem, SaaS e IA. O relatório mostra que os banqueiros agora entendem que a tecnologia será um facilitador para esses novos modelos de negócios e é fundamental para sua diferenciação competitiva.”
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Novas prioridades: experiência do cliente e marketing
A pesquisa desse ano aponta uma mudança drástica nas prioridades dos bancos. Segundo o relatório, cinco anos atrás os bancos estavam focados em cortar custos e aumentar as margens para manter o retorno sobre o patrimônio líquido dos acionistas. Agora, diante da competição cada vez mais acirrada, o foco está em melhorar a experiência do cliente e no marketing digital – 81% dos executivos acreditam que os bancos precisam oferecer diferenciais na experiência do cliente, em vez de produtos.
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Mas há diferenças quando se olha para cada região. Enquanto na Europa e América do Norte a melhoria da experiência e do engajamento do cliente é a maior preocupação dos bancos, em regiões nas quais a digitalização e a inclusão digital ainda são menores, outros itens aparecem antes.
É o caso da América Latina. A maioria dos entrevistados da região apontou como prioridade promover a migração do cliente para o ambiente digital (42%). Depois, melhorar a agilidade do produto (38%), dominar o marketing digital (26%), modernizar sistemas de processamento (22%) e melhorar a experiência e o engajamento do cliente (20%).