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Rappi aposta em dark stores para entregas em 10 minutos

Grande sacada do novo modelo de negócios são galpões otimizados para picking e packing express e estoques selecionados

Aplicativo da Rappi. Foto: Shutterstock
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  • Atualmente, são 26 dark stores espalhadas em bairros estratégicos de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais;
  • Rappi planeja chegar a 100 unidades até o fim de 2021;
  • Média de pedidos semanais nas dark stores já existentes é de 4 mil;
  • O modelo foi incorporado ao Rappi após a compra da startup Avocado, que desenvolveu uma tecnologia que permite saber onde os produtos estão no galpão e quando o estoque acabou – é disso que depende, essencialmente, a agilidade na montagem da cestinha do cliente.

Para acelerar as entregas e atender a uma demanda crescente por serviços de delivery diferenciados, a nova aposta do aplicativo de entregas Rappi são as dark stores: galpões otimizados para picking e packing express e com estoques de produtos selecionados. O resultado prometido? Entregas em 10 minutos. 

As dark stores são algo semelhantes às dark kitchens, proposta lançada pelo Rappi no ano passado e que já conta com 100 unidades em todo o país: estruturas físicas planejadas para otimizar a logística – seja da produção de uma refeição, seja de uma entrega. Enquanto as dark kitchens são cozinhas fechadas focadas em delivery, as dark stores são como lojas fechadas que só fazem delivery. 

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Os galpões de até 200 metros quadrados são organizados de acordo com o nível de saída dos produtos, de modo que seja possível preparar o pedido em até três minutos enquanto o entregador aguarda para retirada e entrega. Além disso, elas só servem clientes localizados em um raio de 2 quilômetros, para que a entrega em um tempo tão curto seja possível.

“Criamos uma solução de picking and packing e integramos ao app da Rappi. Quando um pedido chega, o picker vê a posição de cada item dentro da loja, pega a sacola e começa a fazer o picking. Depois, ele escaneia os produtos para o controle do estoque e o pedido vai para o motoboy fazer a entrega. Isso dura até 3 minutos e a entrega, 7 minutos”, explica Mariam Topeshashvili, co-fundadora da startup Avocado, que lançou as dark stores lá em 2018 e depois foi adquira pela gigante colombiana, e hoje diretora de dark stores do Rappi

Mariam Topeshashvili Dark Stores Rappi
Mariam Topeshashvili, co-fundadora da startup Avocado e hoje diretora de dark stores do Rappi. Foto: Rappi/Divulgação

Por enquanto, são 26 dark stores espalhadas em bairros estratégicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Fortaleza e Campinas. As cidades de estreia do novo serviço foram escolhidas a partir da análise combinada de volume de demanda dos usuários do Rappi e do raio de entrega compatível para o delivery acontecer no prazo proposto. 

Projeção é chegar a 100 dark stores até o fim do ano

Considerando a boa receptividade do “modo turbo”, como o delivery em 10 minutos das dark stores é chamado, o Rappi planeja chegar a 60 dark stores ainda no primeiro semestre a 100 até o fim do ano. 

A média de pedidos das unidades que já existem é de 4 mil pedidos semanais a um valor médio de R$ 67,00 – nada mal para um serviço que atualmente alcança 16 mil usuários em São Paulo, cidade com maior número de dark stores. 

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Não há um pedido mínimo em quantidade de itens ou valor, mas se o cliente adicionar mais de 15 itens em sua cestinha, o app alerta que, nesse caso, pode haver um acréscimo no tempo de entrega. O valor do frete é o mesmo cobrado em compras comuns e, para assinante do serviço premium, é gratuito para pedidos acima de R$ 30,00. 

Por enquanto, as dark stores ofertam alimentos, bebidas, itens de higiene pessoal e produtos de limpeza. A próxima categoria a ser incluída possivelmente será de itens de Farmácia. 

Estoque customizado e de alto giro  

Diferente do modelo tradicional do Rappi, que funciona como um marketplace de delivery, ou seja, oferece em sua plataforma um sem-fim de opções de produtos e fornecedores para o usuário, mas não é dono dos produtos, as dark stores operam com estoque adquirido por consignação ou compra pelo Rappi. De início, o Rappi está operando com varejistas que atuam exclusivamente com a plataforma. 

Para evitar prejuízo, as dark stores operam com um estoque limitado – em variedade e quantidade de itens -, até mesmo para ser possível que a compra seja organizada e despachada para entrega em apenas 3 minutos. A oferta é selecionada e definida com base em dados do próprio aplicativo do Rappi, a partir dos quais a empresa consegue saber que tipo de item tem mais saída por localidade.

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Segundo Mariam, essa espécie de curadoria garante que o estoque seja renovado semanalmente, ou seja, os produtos não ficam parados na prateleira por muito tempo. 

“O grande desafio das dark stores é a elaboração do inventário de cada galpão, que exige um capital de giro alto. A customização é fundamental. Analisamos quais produtos mais vendem em cada região a partir dos dados do app do Rappi e fazemos a curadoria. Temos poucas unidades de cada produto, em média o estoque das dark stores é de 1200 unidades.” 

Ideia veio de um Avocado, literalmente 

O Rappi decidiu apostar nas dark stores com a compra da startup Avocado, cofundada por Mariam. A ideia surgiu de uma trivialidade, quando Mariam morava nos Estados Unidos: ela quis comprar avocado para uma guacamole e recebeu frutos absolutamente verdes.

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“A Avocado surgiu da vontade de criar um inventário integrado, com um controle maior sobre os produtos disponíveis, a saída e quando eles não estão mais em estoque. A gente queria otimizar esse processo de end to end supply, do momento em que o produto chega na loja até o momento em que ele sai para o usuário final”, conta. 

Em junho de 2020, o Rappi comprou a Avocado e incorporou suas operações.