O fenômeno do e-commerce Shopee, que faz parte da empresa com sede em Cingapura Sea, reportou um crescimento de 64% em receita no primeiro trimestre de 2022, para US$ 1,5 bilhão, destacando que conseguiu reduzir quase pela metade “a perda por entrega”(um indicador operacional importante da companhia) no Brasil.
No documento, a empresa explicou que teve perda trimestral operacional medida pelo ‘Ebitda ajustado por entrega”, excluindo despesas comuns administrativas, de US$ 1,52, uma melhora “de mais 45%” em comparação com o mesmo período do ano passado.
O que a empresa explicou no relatório é que isso se deve, basicamente, ao início de operações com vendedores locais, que aumentam o volume e a frequência de compras, o que, por sua vez, também permite a empresa uma otimização da parte logística.
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“Investimos no crescimento de uma ampla base de compradores e vendedores nas principais categorias abrangentes do mercado on-line e no aprofundamento do engajamento. Isso promove o crescimento, a conversão e a retenção de usuários, bem como as frequências de compra, o que nos permite aumentar com eficiência o volume e a densidade de pedidos. Com volume e densidade de pedidos sendo aprimorados continuamente, nosso objetivo é alcançar a liderança do nosso ecossistema em termos de custos. (….) Isso também nos permite fazer vendas cruzadas de mais produtos e ofertas de serviços (…)”, explicou a empresa em apresentação para analistas de mercado.
E o crescimento da base de vendedores locais no Brasil está em ritmo acelerado. Se no fim do ano passado havia mais de 1 milhão de vendedores brasileiros na Shopee (um salto de 600% , agora, segundo o novo balanço, há mais de 2 milhões. Mais de 85% das vendas da empresa no país já ocorrem via vendedores locais.
Também no relatório, a empresa explicou que os vendedores brasileiros vão desde PMEs estreantes a marcas mais estabelecidas.
A estratégia da Shopee de investir em vendedores locais tem razão de ser: para se manter competitivas e crescer na América Latina, cada vez mais plataformas internacionais apostam em uma estratégia híbrida que combina as vantagens operacionais de uma marca global com atendimento local, a exemplo da Amazon e da AliExpress.
O estudo Beyond Borders 2021/2022, publicado pela fintech brasileira EBANX, que também é dona do LABS, mostra que a hibridização dos marketplaces permite uma competição mais justa entre players globais e locais.
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A Sea também destacou no balanço que o aplicativo da Shopee manteve no trimestre a liderança de downloads e tempo gasto por usuários do segmento no Brasil, enquanto ficou na segunda posição em média mensal de usuários ativos. A empresa, que atribuiu os dados à data.ai, também disse que em março e abril liderou o ranking do setor em usuários ativos mensais.
No balanço do trimestre, a Sea ressaltou que está próxima de alcança o breakeven nas suas operações no Sudeste Asiático e Taiwan e que, apenas dois anos depois da sua chegada ao Brasil, está “próxima de conquistar a liderança do mercado” no país.
Um levantamento do Citi mostra um cenário menos otimista. Segundo relatório divulgado por analistas do banco na semana passada, os downloads da Shopee caíram 32% no Brasil em abril na comparação anual, após quedas leves em março e fevereiro.
A tendência de recuo em downloads, segundo o Citi, é vista em todas as empresas monitoradas. Já no tráfico de consumidores em seu site, a Shopee performou acima dos pares, com crescimento de 74% em abril ano a ano, ainda que a indústria aponte queda.
A Shopee recebeu em maio aval do Banco Central (BC) para operar como instituição de pagamentos no Brasil.
Outros resultados da Sea
A Sea, que também opera a SeaMoney, de serviços financeiros, e a unidade de jogos Garena — dona do jogo mobile mais jogado no Brasil, o Free Fire — disse que sua receita total de comércio eletrônico no trimestre cresceu 64,4% ano a ano, para US$ 2,9 bilhões. O prejuízo líquido da empresa, no entanto, aumentou para US$ 580,1 milhões, de US$ 422,1 milhões de em igual período de 2021.
Após um avanço meteórico em 2020 e parte de 2021 impulsionado pela pandemia de COVID-19, com vários trimestres de crescimento de triplo dígito e expansão para novos mercados como México, Espanha e Coréia do Sul, a Sea, assim como outras empresas de comércio digital, tem visto seus resultados desacelerarem. A busca por eficiência (relatada acima) somada a novas formas de engajamento são a nova obsessão da empresa para voltar a crescer no ritmo anterior.
No trimestre, por exemplo, a empresa saiu de Índia e França devido, principalmente, a custos crescentes e problemas na cadeia de suprimentos.
Diante desse quadro, a Sea ampliou formalmente o intervalo para a projeção de receita de comércio eletrônico para 2022 para entre US$ 8,5 bilhões e US$ 9,1 bilhões. Antes estava entre US$ 8,9 bilhões a US$ 9,1 bilhões. Para analistas, no entanto, disse que ainda acredita ser possível atingir um resultado dentro do intervalo anterior.