A RadarFit, startup mineira por trás do aplicativo de saúde e bem-estar que leva o mesmo nome, anunciou nesta terça-feira, 15, captação de R$ 3 milhões em rodada seed (capital semente) liderada pelos fundos DOMO Invest e Bossa Nova Investimentos, com participação do G2 Capital como reserva de rodada.
Fundada por Jade Utsch, Tatiany Duarte e Jennifer Faria em Belo Horizonte, a startup afirma ter crescido 1.600% em 2020 durante a pandemia – em cálculo que leva em consideração o faturamento, número de usuários e tecnologia – em relação aos resultados de 2019. “Nossa expectativa era ter atingido um crescimento de 300%,” relembra Utsch, co-fundadora e CEO, em entrevista ao LABS.
O aplicativo de jogo online funciona com trilhas diárias de missões saudáveis personalizadas com uso de inteligência artificial. No app, ao realizar os desafios, os usuários conquistam recompensas (medalhas) e acumulam moedas para trocar por prêmios reais, além de participar de rankings e torneios. O usuário pode criar seu avatar em 3D e tem acesso a treinos personalizados, para realizar em casa ou ao ar livre, baseados no objetivo estipulado (emagrecer, fortalecer ou manter hábitos saudáveis) e em seu perfil (idade, altura, peso e gênero).
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“Vem uma nova RadarFit agora com os avatares em 3D e possibilidade de personalização e interação com os amigos. Vamos levar para os nossos usuários uma inteligência artificial que por meio da Fê, nossa assistente virtual, será possível ajudá-los ainda mais a alcançar os seus objetivos, é como se ela fosse uma personal trainer, nutricionista e psicóloga particular,” conta Tatiany Duarte, co-fundadora e CTO.
Segundo Utsch, a startup, que iniciou operações em 2017, captou uma rodada pré-seed no final de 2018 no valor de R$ 1,15 milhão – também liderada pelo DOMO Invest –, e, em 2020, atingiu o chamado break even, quando começou a dar lucro. Foi também em 2020 que a empresa decidiu lançar o aplicativo ao consumidor final.
Operando em trinta países como Brasil, Estados Unidos e em mercados latino-americanos e europeus, a RadarFit oferece a solução para pessoas físicas ou jurídicas. Quando o serviço é para as empresas, o RH tem acesso ao painel de dados para acompanhar as métricas de uso e resultados de melhoria na saúde dos colaboradores.
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Ainda que com presença expressiva em vários mercados, Utsch explica que o processo de abertura da solução em outros países aconteceu de forma natural, em razão de empresas multinacionais que adquiriam e disponibilizavam o aplicativo para suas equipes em diferentes locais. “Dentro de doze meses, damos início a um processo de internacionalização,” comenta, referindo-se a empreitada de buscar, ativamente, escalar a base de usuários finais (B2C).
Na frente de negócios com outras empresas, a executiva revela que outro fator propulsor ao crescimento da startup foi a parceria com o GymPass, em que se disponibiliza, aos usuários do aplicativo de academias e bem-estar, a solução da startup.
Com 40 mil usuários (na soma de usuários finais e colaboradores de empresas que contratam a solução), a RadarFit custa R$ 4,90 mensais, por colaborador, às empresas. Já no modelo B2C, o valor do aplicativo pago (premium, sem anúncios publicitários) custa R$ 15,90 por mês ao usuário final.
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De janeiro a maio de 2021, Utsch revela que a startup cresceu em torno de 100% sua base de usuários e faturamento, no comparativo com o mesmo intervalo de tempo de 2020. Hoje, 15 mil, dos 40 mil usuários, são oriundos da estratégia B2C. Segundo a executiva, 70% desses usuários finais são engajados, isto é, utilizam o aplicativo recorrentemente.
“Foi uma jornada longa de desenvolvimento de produto, modelo de negócio e desenvolvimento inicial da empresa no mercado, mas agora vamos virar a chave com foco em ampliar a nossa presença no mercado”, comenta.
O novo capital semente será destinado a aperfeiçoar a solução, ampliar a equipe de marketing e estruturar os dados que coleta. A meta é atingir um milhão de pessoas em 2021, permitindo que esses usuários possam se conectar a familiares, amigos e colegas de trabalho com desafios ligados às missões saudáveis.
“Nosso principal objetivo é injetar recursos em negócios inovadores e escaláveis. Sabemos o quanto as soluções tecnológicas são fundamentais para manter o setor em crescimento e encontramos na RadarFit uma sinergia e um grande diferencial”, afirma João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos, gestora que atua em frentes de investimento no setor de esportes e bem-estar.
Para Utsch, a rodada é prova da consolidação do negócio no mercado latino-americano. Na região, a executiva conta que México e Peru trouxeram crescimento expressivo para as operações da startup. “No Peru, o crescimento foi puxado principalmente pelas mineradoras [clientes], fruto do marketing boca a boca entre os funcionários”.