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Startup Sensedia recebe rodada de R$120 milhões liderada pela Riverwood Capital

Os recursos serão usados para ampliar a oferta de produtos da startup e para a internacionalização

Kleber Bacili e Marcílio Oliveira, co-fundadores da Sensedia. Foto: Divulgação/Sensedia
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  • A Sensedia Platform permite aos clientes escalar arquiteturas baseadas em APIs;
  • Nos primeiros quatro meses de 2021, a equipe da Sensedia cresceu mais de 20%.

A startup de interface de programação de aplicativos (API, na sigla em inglês) Sensedia anunciou nesta terça-feira (11) que recebeu uma rodada de investimento de R$ 120 milhões liderada pela Riverwood Capital

Kleber Bacili, presidente e também cofundador da Sensedia, disse ao LABS que o projeto de levantar capital foi desenhado desde o ano passado e que o recurso será aplicado na evolução da plataforma e ampliação da estrutura de atendimento e suporte aos clientes, além da internacionalização.

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A startup criada em 2007 afirma ter tido nos últimos dois anos um aumento de 160% na demanda por sua plataforma de API, com a crescente digitalização do mercado, que ganhou impulso no ano passado com as medidas de isolamento social para conter a pandemia da COVID-19 e com inovações regulatórias financeiras, como o pagamento instantâneo PIX e o open banking.

“Entendemos que dentro do mercado de enterprises há muitas soluções customizadas e a integração entre essas aplicações sempre foi um um peso para as grandes empresas. Em 2013 percebemos esse novo padrão tecnológico de uso de APIs. É uma roupagem mais simples, mais leve, mais performática. Naquele momento, a gente tinha o Twitter abrindo APIs e achamos que poderia ser um potencial para as empresas se tornarem mais digitais,” lembra Bacili. 

Os APIs, que permitem a comunicação entre plataformas, têm sido amplamente demandados por empresas de tecnologia, como as fintechs, que têm se multiplicado no Brasil para concorrer com os grandes bancos estabelecidos.

“Quando a gente fala de plataforma, temos diversas subdivisões. Atualmente, estamos trabalhando bastante como open banking porque estamos no boom deste momento com toda a regulação definida pelo Banco Central. A gente tem uma oferta que chamou bastante atenção desse mercado e temos certeza que isso se desdobra para o open finance. Então estamos olhando para o investimento em produtos de engenharia.”

Segundo Bacili, o movimento de quebra de aplicações monolíticas grandes em pequenos serviços dentro das empresas têm crescido cada vez mais, o que faz com que a empresa que tinha algumas aplicações de microsserviços passe a ter centenas e até milhares de microsserviços que comunicam entre si. 

“Toda essa malha de comunicação acontece através de API. Então a gente percebeu na nossa carteira de clientes e no mercado de forma geral um aumento significativo de complexidade de gerenciamento de toda essa cadeia de dependências. A nossa plataforma ajuda bastante a ter visibilidade e a ter um nível de governança superior.”

As integrações com APIS são parte importante do processo de transformação digital das empresas. 

Em 2018, a Sensedia resolveu “pular etapas” e começar um processo de internacionalização para testar novos mercados. “Concorremos com multinacionais, grandes empresas, que são as mesmas que estão presentes em outros países. O problema que a gente resolve para grandes empresas que estão nessa jornada de habilitação digital é um problema global,” complementou o cofundador e executivo da Sensedia, Marcílio Oliveira

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América Latina, Europa e Estados Unidos: a Sensedia vem aí 

A Sensedia começou a expansão pela América Latina com clientes no Peru e na Colômbia como grandes bancos e seguradoras. Em 2019, a startup abriu um escritório no Reino Unido e contatou time para fazer os primeiros testes na região. Oliveira conta que quando percebeu que a startup resolvia o mesmo problema e tinha os mesmos concorrentes nesses mercados decidiu adotar uma visão global para se posicionar entre os três principais players do mundo no segmento de integrações modernas. 

É aí que entra o dinheiro da Riverwood: para fazer frente com os concorrentes da Sensedia, que são ultracapitalizados. “Vamos expandir para mais países na Europa e no segundo semestre a gente faz esse mesmo movimento para o mercado americano”, disse Oliveira.

Não é, segundo ele, por uma falta de espaço ou crescimento no mercado brasileiro, mas sim uma decisão estratégica da empresa para um crescimento mundial. 

O México, que assim como o Brasil tem experienciado regulamentações para o open banking, também está no alvo da startup brasileira. “Estamos com vagas abertas para o México, exatamente porque lá o mercado também está sendo trabalhado de maneira regulada.”

Uma das maiores empresas de pagamentos da Lituânia é cliente da Sensedia. “A gente certamente vai investir bastante lá”, comenta o executivo. Na contramão da tendência de brasileiros trabalharem para empresas de tecnologia estrangeiras, a Sensedia está com vagas abertas para europeus. 

“Agora vamos colocar uma equipe mais focada no mercado do sudoeste europeu. Devemos contratar pessoas na Espanha para trabalhar o mercado de lá, mas com muita força na região da Alemanha, Lituânia, e Inglaterra, que são relevantes no setor financeiro, uma das verticais que a gente tem mais apostado”.

As contratações de brasileiros também estão aceleradas e há ao todo 100 vagas abertas para vendas, marketing, engenharia e produto. A startup tem hoje 470 funcionários e deve terminar o ano próximo de 700.

A empresa cresceu 70% este ano comparado com 2020 e no mês passado dobrou a receita em relação ao mesmo mês no ano passado. A meta este ano é crescer 70%. A startup teve um faturamento de R$ 84 milhões em 2020 e prevê terminar o ano com R$ 134 milhões.