- Devido à pandemia, a demanda por serviços do app despencou no último ano. Os primeiros três meses de 2021 demonstram uma queda nesse indicador de 38% em relação ao mesmo período do ano passado;
- Já a entrega de alimentos e compras em geral teve um aumento de 166% na demanda.
A Uber divulgou seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2021 nesta quarta-feira. Enquanto o delivery parece ser a parte do negócio realmente movendo ponteiro, a demanda por corridas ficou praticamente estável em relação ao trimestre anterior. As operações de mobilidade tiveram que absorver uma pancada e tanto: um acordo de US$ 600 milhões com mais de 70.000 motoristas do Reino Unido – a empresa terá de dar mais benefícios a eles, que ganharam direitos de funcionário por lá.
De janeiro a março, a Uber registrou prejuízo ajustado de US$ 359 milhões – uma métrica que exclui custos pontuais, incluindo compensação baseada em ações. São quase US$ 100 milhões a menos no vermelho em relação ao trimestre anterior. Os analistas esperavam que a empresa registrasse uma perda de EBITDA ajustado de cerca de US$ 452 milhões, segundo dados da Refinitiv. A empresa prometeu atingir a lucratividade nessa métrica até o fim deste ano – uma promessa aquém da sua concorrente Lyft, que disse que reportará lucros ajustados a partir do terceiro trimestre.
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Devido à pandemia, a demanda por serviços do app despencou no último ano. Os primeiros três meses de 2021 demonstram uma queda nesse indicador de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a entrega de alimentos e compras em geral teve um aumento de 166% na demanda.
Mesmo assim, o Uber como um todo registrou queda de 11% na receita. As quedas no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo trimestre do ano passado ocorreram nos Estados Unidos (-11%), EMEA (-52%, que inclui os US$ 600 milhões de encargos trabalhistas no Reino Unido) e na América Latina (-37% ), o segundo maior mercado da empresa. O crescimento de 138% na receita na Ásia compensou apenas parcialmente essas quedas.
Em uma conferência com analistas esta tarde, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, destacou Brasil, México e Chile entre os mercados da América Latina que impulsionaram as operações da Uber Eats. Ao mesmo tempo, ele disse que espera que a demanda por corridas se intensifique em breve mesmo nos mercados mais afetados pela pandemia, como o Brasil e a Índia.
Quando questionado sobre a participação de mercado no Reino Unido e na América Latina, o CFO da Uber, Nelson Chai, disse aos analistas que a Uber manteve ou melhorou sua posição em seus principais mercados, mencionando o Reino Unido, a Austrália e o Brasil, entre outros. “O México é um mercado especialmente competitivo, tanto em mobilidade quanto em entrega. Mas o cenário global, de maneira geral, é realmente melhor do que nos últimos quatro anos”, disse Chai.
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Aquisições são trunfo importante para retomada da Uber
Questões trabalhistas também pressionam o mercado de mobilidade. A cobrança de US$ 600 milhões no Reino Unido é uma amostra dos altos custos que a empresa pode ter de enfrentar se outros mercados também decidirem por igualar parceiros a funcionários.
De maneira geral, a recuperação da empresa é impulsionada principalmente pelos negócios na América do Norte, onde as taxas de vacinação contra a COVID-19 estão mais altas e o afrouxamento das restrições de circulação em redução. Ainda assim, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse a analistas que as recentes aquisições em ambas as operações (delivery e mobilidade) serão fundamentais para colocar a Uber na rota do forte crescimento novamente no próximo trimestre.
Recentemente, a Uber expandiu suas ofertas por meio de aquisições: as americanas Postmates e Drizly, e a chilena Cornershop – esta última sendo um trunfo crucial para o crescimento do Uber na América Latina. “A Cornershop será a líder inquestionável em delivery de alimentos na América Latina”, disse o CEO da Uber a analistas.
Com a aquisição da Cornershop concluída em janeiro deste ano, a empresa já começou a expandir o serviço no Chile, México e Brasil, chegando a mais cidades nesses países.
Excluindo o acordo no Reino Unido, a Uber relatou receita de US$ 3,5 bilhões no primeiro trimestre, acima da estimativa média de analistas de US$ 3,29 bilhões, de acordo com dados da Refinitiv.
(Traduzido e co-escrito por LABS)