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Capital de risco visa a digitalização do mercado imobiliário da América Latina; Loft está avaliada em US$ 2,2 bi

Após a rodada do CondoConta, o primeiro neobanco de condomínios no Brasil, a Loft recebe a maior rodada de investimento em uma startup brasileira

Os co-fundadores da Loft (da esq. para a dir.) João Vianna, Florian Hagenbuch e Mate Pencz.
Os co-fundadores da Loft (da esq. para a dir.) João Vianna, Florian Hagenbuch e Mate Pencz. Foto: Loft/Divulgação
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  • A Redpoint eventures liderou uma rodada de R$ 6,6 milhões no CondoConta;
  • A Loft espera se tornar a empresa de crescimento mais rápido fora da China e dos Estados Unidos.

O mercado imobiliário é um tema quente na América Latina agora, e a pandemia de COVID-19 acelerou ainda mais o setor. O lar ganhou um novo significado porque a casa agora agrega o trabalho, entretenimento e exercícios físicos. Assim, as proptech da América Latina estão surfando essa onda.

Na semana passada, a Redpoint eventures liderou uma rodada de R$ 6,6 milhões no CondoConta, o primeiro banco digital de condomínios do Brasil. Na terça-feira, o unicórnio Loft anunciou que recebeu US$425 milhões de uma ampla gama de investidores globais e agora está avaliado em US$2,2 bilhões. “Com essa rodada, alcançamos um grande marco: a maior rodada de venture capital levantada por uma empresa brasileira de tecnologia. Isso nos coloca no mapa como empresa, ecossistema e como país”, comemorou Florian Hagenbuch, fundador da Loft, em uma postagem do LinkedIn. 

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Além disso, embora tenha levado décadas para os pioneiros da tecnologia, como a TOTVS, atingirem a avaliação bilionária, a Loft agora está de olho em uma avaliação de US$ 2,8 bilhões apenas três anos após seu lançamento. D1 Capital Partners LP , DST Global, Tiger Global Management, Altimeter Capital, Silver Lake e CPP Investments são alguns dos novos investidores da Loft. 

Loft se tornou um unicórnio nos primeiros dias de janeiro de 2020, depois de levantar US$175 milhões, a quinta maior rodada em uma startup brasileira no ano passado.

O que o Loft faz? Comprar, reformar e vender imóveis no prazo de 4 meses – sim, isso é rápido para um setor que tem sido prejudicado pela burocracia jurídica e financeira como o mercado imobiliário brasileiro. A empresa quer simplificar ainda mais todo o processo envolvido em uma das maiores paixões dos latino-americanos: ter uma casa própria.

Em entrevista à Reuters, o CEO e cofundador da Loft, Mate Pencz, disse que a rodada ajudará a empresa a investir na experiência do consumidor e a aumentar sua oferta de produtos para aluguel de imóveis, além da compra e venda de casas.

Com o novo financiamento, a Loft espera se tornar a empresa de crescimento mais rápido fora da China e dos Estados Unidos. A startup afirma operar com 30 mil corretores no eixo Rio-São Paulo. De acordo com a Loft, suas operações movimentam cerca de R$ 2 bilhões por ano em financiamentos imobiliários.

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“A maior parte desses recursos será investida no aumento do nosso portfólio, melhorando o processo tanto para compradores quanto para vendedores, além de investir em tecnologia e dados”, disse Pencz. “Nossa área de financiamento cresceu muito no ano passado e decidimos expandi-la para o território nacional”.

Segundo Pencz, a empresa foi concebida para em algum momento ser listada, mas ainda não há um horizonte para isso acontecer. O executivo descartou a possibilidade de uma nova aquisição de curto prazo e o foco segue na ampliação do marketplace.

“A gente já fez quatro aquisições até agora e não há nada que esteja saindo do forno”, disse ele. “As aquisições têm sido mais complementares ao nosso negócio principal do que empresas de legado, acreditamos em criar tecnologias e produtos do zero”.

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Captação de recursos para empresas de imóveis em alta no Brasil 

Com condomínios, síndicos e administradoras clientes por todo Brasil, o CondoConta tem como principal objetivo oferecer uma maior transparência na gestão financeira dos condomínios.

O neobanco tem como foco zerar todo o custo que um condomínio possui com bancos tradicionais, e entregar transparência das transações em tempo real e automação dos boletos e balancetes, fazendo assim a prestação de contas mensal direto da fonte financeira. Ou seja, facilita a vida dos síndicos, conselheiros, condôminos em geral e principalmente das administradoras de condomínio que passam a automatizar suas atividades.

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Segundo Rodrigo Della Rocca, CEO e um dos fundadores da empresa, o valor será utilizado para ampliar o time, além de acelerar a evolução da experiência condominial digital e promover melhorias aos usuários. “O banco digital também está mirando novas oportunidades de negócio, como, por exemplo, o financiamento de sistemas de geração de energia solar para condomínios e programas de cashback para o pagamento das taxas condominiais”, disse, em comunicado à imprensa.