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Volume de investimento anjo em startups ultrapassa R$ 1 bilhão em 2019, mas expectativa para 2020 é de recuo

No entanto, segundo a Anjos, o investimento anjo no Brasil ainda está muito aquém do potencial devido aos impostos

Foto: Shutterstock
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  • O volume de investimentos no Brasil é de apenas 0,85% do que é investido em startups nos Estados Unidos;
  • A expectativa de volume de investimento para 2020 é um retrocesso em relação a 2019 se não houver reajuste nos impostos, diz o relatório.

O investimento anjo em startups brasileiras alcançou a marca de R$ 1,067 bilhão investidos em 2019, um aumento de 9% em relação a 2018, mas para 2020 a expectativa é de recuo.

O volume de investimento no Brasil é apenas 0,85% do que é investido em startups nos Estados Unidos que somam aproximadamente U$ 23,9 bilhões anualmente. Os dados fazem parte da série histórica da pesquisa realizada pela Anjos do Brasil.

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De acordo com a pesquisa, a expectativa dos investimentos para 2020 é de recuo com relação a 2019 se não houver equiparação no tratamento tributário. Os resultados indicam uma queda de pelo menos 10% neste ano em relação a 2019. Segundo o estudo, como antes da pandemia a projeção era de 2020 apresentar um crescimento percentual no volume investido maior que o ocorrido no ano anterior, estima-se uma perda relativa acima de 20%.

Cassio Spina, presidente e fundador da Anjos do Brasil disse que, para 2020 a perspectiva é negativa, em especial considerando que, enquanto diversos investimentos são incentivados, o em startups é duplamente tributado. “Além do imposto sobre os ganhos de capital, as eventuais perdas não podem ser deduzidas. Percebemos que é urgente o estabelecimento da equiparação de tratamento tributário e a criação de mecanismos de incentivo, como por exemplo os existentes no Reino Unido, Itália e Espanha, países nos quais, além de isenção, se permite a compensação de até 50% do valor investido em startups nos impostos devidos.”

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De acordo com a Anjos, o investimento desse tipo no Brasil ainda está muito aquém do potencial. Considerando a relação do PIB dos países é de cerca de 10 vezes, o investimento anjo no Brasil deveria ser de pelo menos R$ 12 bilhões. Para que o Brasil atinja todo seu potencial, o estudo diz que é necessária a criação de políticas públicas de fomento ao investimento em startups com ocorre nos países com ecossistemas mais dinâmicos.

Tributação atrapalha investimentos anjo no Brasil, diz pesquisa

Segundo o estudo, na Itália existe uma política para promover o ecossistema empreendedor com duas linhas de ação bem definidas, por um lado, suporte para startups em cada uma das fases e, por outro lado, mais apoio aos chamados projetos inovadores PME. São elas:

  • Incentivos fiscais para investidores em sementes e em estágio inicial: os indivíduos podem deduzir imposto de renda 30% dos investimentos em ações em startups de até € 1 milhão;
  • Empresas limitadas podem deduzir de sua base tributária 30% dos investimentos até 1,8 milhões de euros;
  • Financiamento da dívida: acesso facilitado a fundos públicos para as PME (aproximadamente 1 € bilhões de empréstimos já concedidos em 5 anos;
  • Produtos subsidiados de financiamento público.

A Anjos disse que as leis de incentivo podem ser um poderoso fator para impulsionar a inovação nos países e a adoção de medidas semelhantes às italianas seriam efetivamente benéficas para o desenvolvimento do ecossistema brasileiro.