Conectar 2,5 milhões de lojas e mais de 1 milhão de vendedores independentes aos atacados que vendem itens de vestuário, calçados e acessórios no interior do Brasil. Foi assim que o negócio da ZAX começou, ainda em 2019, e cresceu (muito) durante 2020 e 2021, a ponto de atrair a atenção dos investidores para uma nova rodada. Nesta terça-feira, o marketplace anunciou uma captação de R$ 32 milhões liderada pelo fundo Atlantico.
Além do Atlantico, participaram da rodada os fundos FJ Labs e Caravela Capital, GFC e a firma de venture capital Canary — dos dois últimos lideraram, respectivamente, as duas primeiras rodadas de investimento da ZAX. Ao todo, a startup já captou R$ 43 milhões em investimentos.
“No Brasil, existem milhões de lojas e vendedores que dependem de comércio físico descentralizado e têm dificuldade em adquirir capital de giro”, explica o CEO, Bruno Ballardie, cofundador da plataforma ao lado de Fernando Zanatta, CTO da plataforma. “Com tecnologia, a ZAX traz soluções para essas pessoas. O revendedor economiza tempo e recursos, por não precisar mais se deslocar, e tem acesso a centenas de fornecedores em uma mesma plataforma, de modo que pode comparar preços e escolher a melhor opção. Já para o atacadista, é uma forma muito prática de aumentar a visibilidade e a demanda também. Pela plataforma, ele pode conquistar clientes de regiões diversas do país, que talvez nunca tivessem acessado o seu negócio”.
A plataforma, que pode ser acessada por dispositivos móveis, já conta com mais de 700 fornecedores — muitos deles, sediados em regiões tradicionais do comércio de São Paulo, como Brás, Bom Retiro e 25 de Março. Por meio da plataforma, o comprador pode escolher o tipo de frete que deseja — dentre opções cotadas, a cada operação, com parceiros logístico da ZAX — ou retirar uma das lojas do fornecedor. É também pela plataforma que o varejista ou vendedor independente escolhe que tipo de pagamento fará: cartão de crédito (até seis parcelas), PIX, boleto, transferência ou depósito.
Até o fim do ano, a startup quer aumentar o quadro de funcionários (hoje em 40 pessoas) e ampliar o leque de serviços financeiros, que começou com a oferta de capital de giro de 30 dias para os compradores e soluções de pagamento no ponto de venda. Uma carteira digital e outros métodos de pagamentos devem vir em seguida.
Em termos de alcance, Ballardie disse ao LABS que a startup está de olho em polos estratégicos da indústria do vestuário para o ano que vem, entre eles Maringá, Fortaleza, Goiânia, Brusque e Santa Cruz do Capibaribe.
Tanto Ballardie quanto Zanatta trazem na bagagem experiência prévia com e-commerce, mas com foco no consumidor final. É a primeira vez que os dois empreendedores apostam em um negócio B2B.

Formado em Ciência da Computação pela USP, Ballardie já havia criado e operado duas outras startups, incluindo a eÓtica, e-commerce de óculos adquirido por um grupo francês em 2015. Ballardie continuou à frente do negócio até 2018. Já Zanatta soma em seu currículo algumas empresas de peso no Brasil: foi CTO da Dafiti, diretor de tecnologia do Grupo Netshoes e COO do Buscapé. Além disso, fundou a Netlolo, ferramenta que conectava clientes e especialistas globais, e uma das principais plataformas OTC de negociação de bitcoins.
Assim como ocorreu em vários outros setores, a pandemia de COVID-19 acelerou a digitalização também na área que a ZAX opera. A startup diz ter crescido 10 vezes na pandemia. Nesse período, levantou uma rodada de investimentos liderada pela Canary. “As experiências prévias dos fundadores nos impressionaram muito. Tanto o Bruno quanto o Fernando têm conhecimento técnico e de negócios para construir um marketplace B2B super relevante, capaz de atacar um setor imenso, que ainda carece de tecnologias e movimenta a economia nacional”, afirma o managing partner do Canary, Marcos Toledo.
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A startup estreou as operações com foco apenas em vestuário, no estado de São Paulo. Desde 2020, no entanto, passou a incluir na plataforma calçados, eletrônicos, brinquedos, acessórios e beleza. O desempenho atraiu a atenção de investidores para uma nova rodada e, em setembro deste ano, o Atlantico, fundo irmão do Canary, liderou o aporte no valor de R$ 32 milhões.
“A ZAX é uma startup que demonstrou um excelente fôlego, em um período curto. O potencial de mercado é enorme não só no Brasil, mas em toda a América Latina, onde muitos atacadistas e varejistas podem evoluir muito os seus negócios por meio da tecnologia”, afirma Julio Vasconcellos, managing partner do Atlantico.