Sociedade

Bolsonaro leva postura negacionista ao discurso na ONU

Expectativas em torno de anúncio de doações de vacinas não se confirmaram; presidente defendeu tratamento precoce e criticou medidas de isolamento

presidente brasileiro Jair Bolsonaro
Foto: Shutterstock
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O presidente Jair Bolsonaro levou sua postura negacionista ao discurso de abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU — postura não diferente, inclusive, do discurso em abril deste ano. Após citar o programa de privatizações, os investimentos privados contratados no país e a expectativas em torno do leilão de frequências 5G, previsto ainda para este ano, Bolsonaro defendeu o tratamento precoce sem eficácia comprovada contra a COVID-19 e criticou as medidas de isolamento durante a pandemia, apontando-as como a razão da atual escalada inflacionária.

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“Defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade”, disse Bolsonaro, para logo depois dizer que as medidas de isolamento deixaram como legado a atual escalada da inflação no país. Em seguida, Bolsonaro defendeu o tratamento precoce, ressaltando que não entende “porque muitos países foram o contra” e que a história cobrará essa postura deles.

O presidente, único líder do G20 que não se vacinou, voltou a defender a não obrigatoriedade da vacina e salientou que seu governo é contrário à imposição de qualquer tipo de passaporte sanitário – postura diferente de vários vizinhos latino-americanos, como o Peru, que já anunciaram que exigirão vacina de viajantes.

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Antes de entrar mais a fundo no tema pandemia, Bolsonaro salientou a complexidade da legislação ambiental do país, dizendo que ela exemplo para o mundo, e citou uma série de dados que buscam reforçar que o país mantém mais de 80% do bioma amazônico está intacto e que o desmatamento diminuiu — o que está longe de ser verdade — e que o “futuro do emprego verde” está no Brasil.

O presidente foi contestado quase que em tempo real por uma série de especialistas nas redes sociais — o termo “vergonha” chegou aos trending topics do Twitter logo após o discurso. Segundo o Imazon, o desmatamento da floresta bateu, pelo quinto mês consecutivo, mais um recorde em agosto, uma alta de 7% em relação ao mesmo mês do ano passado.

A expectativa, levantada por fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo, de que o país anunciaria doações de vacinas a nações mais pobres da América Latina e do Caribe durante o discurso não se confirmou.