- Diferentemente de agosto, quando o país atingiu 100 mil mortes pela doença, o número de infecções está crescendo, anunciando uma segunda onda de COVID-19 alimentada pelas festas de fim de ano;
- Bloqueios implementados por estados e municípios, além da falta de uma estratégia coordenada nacionalmente e de insumos para intubação de pacientes, e agora a falta de seringas e agulhas para dar conta da vacinação contra a doença, são alguns exemplos da confusão causada pelo governo Bolsonaro;
- Até o momento, o Ministério da Saúde diz ter garantido 354 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, veja lista no fim do texto.
Dez meses após a primeira vítima da COVID-19 no Brasil, em 16 de março, o maior país da América Latina ultrapassou o número de 200 mil mortes pela doença e quase 8 milhões de casos confirmados. O Brasil é o segundo país com mais mortes causadas pela pandemia em números absolutos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Os dois países têm algumas coisas em comum: os dois presidentes (Jair Bolsonaro e Donald Trump) se perderam no negacionismo. Fizeram com que suas administrações demorassem a reagir e a tomar as medidas necessárias para conter o avanço da maior crise sanitária deste século. A principal diferença agora é que Trump está deixando a Presidência dos EUA, enquanto Bolsonaro continuará no cargo até o final de 2022.
Diferentemente de agosto, quando o país atingiu 100 mil mortes pela doença, o número de infecções está crescendo, anunciando uma segunda onda de COVID-19 alimentada pelas festas de fim de ano.
Bloqueios implementados por estados e municípios, além da falta de uma estratégia coordenada nacionalmente e de insumos para intubação de pacientes, e agora a falta de seringas e agulhas para dar conta da vacinação contra a doença, são alguns exemplos da confusão causada pelo governo Bolsonaro.
Na noite de quarta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em sua primeira declaração na rede nacional de televisão e rádio, disse que o Brasil “já garantiu 354 milhões de doses da vacina contra o COVID-19”. Ele disse ainda que a vacinação terá início em janeiro, embora o país ainda não tenha nenhuma vacina aprovada.
A maior esperança do país está em duas vacinas: Oxford, que foi testada e em breve será produzida no país por meio de uma parceria com o laboratório da AstraZeneca com a Fiocruz; e CoronaVac, da chinesa Sinovac, que tem parceria semelhante com o Instituto Butantan, de São Paulo.
A Fiocruz já solicitou a importação de 2 milhões de doses dos laboratórios da AstraZeneca na Índia para iniciar a vacinação aqui antes de usar suas próprias doses. Na primeira semana de fabricação, a Fiocruz espera produzir 1 milhão de doses, aumentando esse número gradativamente. A Fundação deve produzir doses da vacina para o Brasil e outros países da América Latina, como Argentina e México. A Fiocruz solicitará o uso emergencial da vacina no Brasil até 15 de janeiro, quando deverá estar disponível o resultado final sobre a eficácia da vacina.
Nesta sexta-feira, o Butantan protocolou na Anvisa o pedido de uso emergencial de 6 milhões de doses da vacina estocadas em São Paulo. O governador de São Paulo, João Dória, espera iniciar a vacinação no estado no próximo dia 25 de janeiro. A expectativa da Anvisa é responder ao pedido da Fiocruz nos próximos dias, tornando esse plano apertado, mas possível de ser cumprido.
A vacina Sinovac da China apresentou eficácia de 78% em testes brasileiros em estágio avançado, anunciou Doria em entrevista coletiva na quinta-feira.
Também em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Pazuello disse que o Ministério da Saúde está negociando um contrato com o Instituto Butantan para o fornecimento de 100 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 — 46 milhões até abril e outras 54 milhões de doses até o fim do ano. Ele disse que toda a produção do Butantan “será incorporada ao plano nacional de imunização”.
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Entre negociações “praticamente fechadas” e outras confirmadas, o Brasil tem, portanto:
- 2 milhões de doses de vacinas AstraZeneca importadas pela Fiocruz;
- 100,4 milhões de doses da Fiocruz/AstraZeneca até julho (produção nacional gradativa);
- 110 milhões da Fiocruz/AstraZeneca (produção nacional total) de agosto a dezembro;
- 42,5 milhões (provavelmente da AstraZeneca) a serem adquiridos por meio do mecanismo internacional Covax/Facility, criado pela OMS para ajudar os países em desenvolvimento a comprar vacinas contra COVID-19;
- 100 milhões de doses do Instituto Butantan (anunciadas hoje, mas ainda pendentes de contrato final).