Sociedade

Brasil ultrapassa as 200 mil mortes por COVID-19

Número de casos e mortes está em ascensão, impulsionado principalmente pelas festas de fim de ano. Vacinação pode começar no fim de janeiro, mas em ritmo lento

Cemitério Parque da Saudade, em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas
Foto: Paulo Desana/Dabakuri/Amazônia Real/ Fotos Públicas.
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  • Diferentemente de agosto, quando o país atingiu 100 mil mortes pela doença, o número de infecções está crescendo, anunciando uma segunda onda de COVID-19 alimentada pelas festas de fim de ano;
  • Bloqueios implementados por estados e municípios, além da falta de uma estratégia coordenada nacionalmente e de insumos para intubação de pacientes, e agora a falta de seringas e agulhas para dar conta da vacinação contra a doença, são alguns exemplos da confusão causada pelo governo Bolsonaro;
  • Até o momento, o Ministério da Saúde diz ter garantido 354 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, veja lista no fim do texto.

Dez meses após a primeira vítima da COVID-19 no Brasil, em 16 de março, o maior país da América Latina ultrapassou o número de 200 mil mortes pela doença e quase 8 milhões de casos confirmados. O Brasil é o segundo país com mais mortes causadas pela pandemia em números absolutos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Os dois países têm algumas coisas em comum: os dois presidentes (Jair Bolsonaro e Donald Trump) se perderam no negacionismo. Fizeram com que suas administrações demorassem a reagir e a tomar as medidas necessárias para conter o avanço da maior crise sanitária deste século. A principal diferença agora é que Trump está deixando a Presidência dos EUA, enquanto Bolsonaro continuará no cargo até o final de 2022.

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Diferentemente de agosto, quando o país atingiu 100 mil mortes pela doença, o número de infecções está crescendo, anunciando uma segunda onda de COVID-19 alimentada pelas festas de fim de ano.

Bloqueios implementados por estados e municípios, além da falta de uma estratégia coordenada nacionalmente e de insumos para intubação de pacientes, e agora a falta de seringas e agulhas para dar conta da vacinação contra a doença, são alguns exemplos da confusão causada pelo governo Bolsonaro.

Na noite de quarta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em sua primeira declaração na rede nacional de televisão e rádio, disse que o Brasil “já garantiu 354 milhões de doses da vacina contra o COVID-19”. Ele disse ainda que a vacinação terá início em janeiro, embora o país ainda não tenha nenhuma vacina aprovada.

A maior esperança do país está em duas vacinas: Oxford, que foi testada e em breve será produzida no país por meio de uma parceria com o laboratório da AstraZeneca com a Fiocruz; e CoronaVac, da chinesa Sinovac, que tem parceria semelhante com o Instituto Butantan, de São Paulo.

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A Fiocruz já solicitou a importação de 2 milhões de doses dos laboratórios da AstraZeneca na Índia para iniciar a vacinação aqui antes de usar suas próprias doses. Na primeira semana de fabricação, a Fiocruz espera produzir 1 milhão de doses, aumentando esse número gradativamente. A Fundação deve produzir doses da vacina para o Brasil e outros países da América Latina, como Argentina e México. A Fiocruz solicitará o uso emergencial da vacina no Brasil até 15 de janeiro, quando deverá estar disponível o resultado final sobre a eficácia da vacina.

Nesta sexta-feira, o Butantan protocolou na Anvisa o pedido de uso emergencial de 6 milhões de doses da vacina estocadas em São Paulo. O governador de São Paulo, João Dória, espera iniciar a vacinação no estado no próximo dia 25 de janeiro. A expectativa da Anvisa é responder ao pedido da Fiocruz nos próximos dias, tornando esse plano apertado, mas possível de ser cumprido.

A vacina Sinovac da China apresentou eficácia de 78% em testes brasileiros em estágio avançado, anunciou Doria em entrevista coletiva na quinta-feira.

Também em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Pazuello disse que o Ministério da Saúde está negociando um contrato com o Instituto Butantan para o fornecimento de 100 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 — 46 milhões até abril e outras 54 milhões de doses até o fim do ano. Ele disse que toda a produção do Butantan “será incorporada ao plano nacional de imunização”.

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Entre negociações “praticamente fechadas” e outras confirmadas, o Brasil tem, portanto:

  • 2 milhões de doses de vacinas AstraZeneca importadas pela Fiocruz;
  • 100,4 milhões de doses da Fiocruz/AstraZeneca até julho (produção nacional gradativa);
  • 110 milhões da Fiocruz/AstraZeneca (produção nacional total) de agosto a dezembro;
  • 42,5 milhões (provavelmente da AstraZeneca) a serem adquiridos por meio do mecanismo internacional Covax/Facility, criado pela OMS para ajudar os países em desenvolvimento a comprar vacinas contra COVID-19;
  • 100 milhões de doses do Instituto Butantan (anunciadas hoje, mas ainda pendentes de contrato final).