Sociedade

Em dois anos, Tembici viu uso de bikes compartilhadas saltar 34% na América Latina

Estudo da Tembici com base em dados internos e questionário com mais de 5,7 mil usuários mostra que a micromobilidade também é algo que veio para ficar no pós-pandemia

Tembici fecha linha de crédito verde de R$ 29 milhões para ampliar oferta de bikes
Startup Tembici chega a Brasília. Foto: Tembici/Divulgação
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No caso da Tembici, startup de micromobilidade e bicicletas compartilhadas, a expressão “depois da ascensão, a queda” poderia ser usada de maneira invertida. É que assim como o e-commerce e o streaming, os serviços da startup também surfarão a boa onda da digitalização e da mudança de hábitos impulsionada pela pandemia de COVID-19. No caso da micromobilidade isso aconteceu precedido de um pequeno grande tombo de demanda, o mesmo que arrasou com as operações de apps como o Uber por alguns meses, logo no início da crise sanitária.

Essa é uma das constatações de um estudo que a Tembici fez sobre o status da micromobilidade, em especial das bicicletas compartilhadas, na América Latina, usando não só seus próprios dados mas de outros sistemas disponíveis na região, e que está sendo divulgado nesta segunda-feira (23). “Saber o lugar da Tembici sempre soubemos, claro, porque é fundamental para nossa atividade. Mas o estudo nos deu a visibilidade de quanto os hábitos mudaram de fato e também sobre como conhecer a Tembici é, de fato, conhecer o uso da bicicleta compartilhada nessa região”, disse a CIO da Tembici, Carolina Rivas, ao LABS na última quinta-feira.

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Atualmente, a Tembici é a maior operadora de bike sharing da América Latina em número de sistemas,
quantidade de bicicletas disponíveis (incluindo as 2,5 mil do programa iFood Pedal, parceria com o app de delivery iFood que começou em 2020) e volume de viagens.

Segundo o estudo da startup, a região como um todo tem pouco mais de 45,5 mil bicicletas compartilhadas, 18,8 mil são da Tembici. Nos países onde a startup atua, Argentina, Brasil e Chile, a Tembici responde por 72% da oferta de equipamentos. Ao todo, a América Latina tem hoje disponíveis 75 sistemas de bike sharing em 13 países, sendo que 33% deles (25) estão no Brasil. Colômbia, México e Argentina, com 20%, 17% e 13%, respectivamente, aparecem em seguida no levantamento.

Números que representam, segundo a Tembici, algo ainda muito aquém do real potencial da micromobilidade da região. “O potencial do território é aproximadamente 15x maior do que o atual, quando falamos em números de bicicletas circulando pelas ruas”, enfatizou Rivas.

Para além do levantamento sobre o tamanho da oferta de serviços de micromobilidade, o estudo da Tembici também englobou um questionário online com mais de 5,7 mil usuários, cujos resultados foram ponderados de acordo com os dados gerais de registro de uso para garantir a representatividade das informações. Por meio do questionário foi possível descobrir que a presença feminina entre os usuários da startup (38%) é maior do que na média dos ciclistas dos três países onde a startup atua. Para Rivas, isso tem a ver também com a razão pela qual as pessoas em geral optam por usar a Tembici: conforto.

“Ali nos questionários, 39% das pessoas disseram que o ‘conforto’ é o que as leva a usar a Tembici. Isso se desdobra em várias vertentes, como não ter de ter de cuidar da manutenção da bike ou mesmo ter um lugar seguro para deixar o equipamento. (…) A gente se surpreendeu com a diversidade entre os usuários e com o fato de ter mais mulheres usando bike-sharing do que com bike própria. Isso abre possibilidade para uma série de ações e políticas públicas”, ressaltou a CIO da Tembici.

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Olhando para os dados internos da Tembici, é possível ver a queda na demanda que atingiu a startup no início da crise da saúde. À medida que as atividades foram sendo retomadas, porém, as bicicletas compartilhadas também voltaram a ser utilizadas e com viés de alta.

“As pessoas viram na Tembici uma opção segura e também acessível para voltar a se deslocar. Se a gente desconsiderar o peso das pessoas com até dois salários mínimos, que é onde entra a grande massa de entregadores do iFood Pedal, veremos que os usuários também se distribuem entre as faixas de renda, mostrando que as bicicletas compartilhadas são solução para pessoas de diferentes perfis”, observou Rivas.

Em 2021, a Tembici fechou o ano um aumento de mais de 40% nos slots (frações de 15 minutos de uso da bicicleta) de viagens em relação ao ano de 2020 e mais de 4% em relação ao ano de 2019. Em número de viagens, o crescimento foi de 34% sobre início de 2019.

Esse crescimento também só foi possível porque a Tembici parece ter encontrado o modelo de negócios ideal para oferecer serviços de micromobilidade. No ano passado, a startup viu sua receita crescer 40% ante ao ano anterior — quando faturou R$ 100 milhões — e quer dobrar esse resultado em 2022.

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A receita vinda diretamente do usuário, e que representou 55% dos R$ 140 milhões de 2021, é a que move a curva de crescimento da Tembici. Mas a startup só vai, efetivamente, para uma cidade de mais de 500 mil habitantes (faixa de corte da startup) quando pode contar com um patrocínio de uma empresa parceira. ItaúiFood e Mastercard são algumas das parceiras da Tembici. Receitas recorrentes de publicidade, de peças veiculadas nos paineis das estações da Tembici por determinados período, também complementam essa renda B2B da startup

No início do ano, a Tembici anunciou a sua chegada a seu quarto país na América Latina. A empresa vai investir R$ 53 milhões para implantar o sistema de bikes compartilhadas em Bogotá, capital da Colômbia. O projeto possui uma proposta inédita e contemplará 3,3 mil bicicletas, sendo 1,6 mil elétricas, e pelo menos 300 estações.

Também é meta da startup implantar mais 10 mil na sua rede até o fim de 2022, e metade dessa nova frota deve ser de e-bikes (hoje, elas são apenas 1 mil).