- Outros dois médicos convidados a ocupar o cargo recusaram o convite por discordarem da visão anti-ciência do atual governo federal;
- A administração de Bolsonaro tem promovido, desde o ano passado, campanhas nas redes sociais, defendendo o dito “tratamento precoce”. O “kit Covid”, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, inclui hidroxicloroquina e cloroquina, junto com outros fármacos;
- São substâncias testadas inicialmente em laboratório e que, depois, em estudos clínicos, demonstraram não ter qualquer efeito de prevenção ou tratamento contra a COVID-19.
Na noite de segunda-feira, o governo de Jair Bolsonaro anunciou um novo ministro da Saúde – o quarto desde o início da pandemia do novo coronavirus. O cardiologista Marcelo Queiroga aceitou o convite do presidente após outros colegas terem recusado a oferta.
À CNN Brasil afirmou que lockdowns não podem ser “política de governo”, e que só devem ser usados em situações extremas. Ele também disse que, embora não haja ainda um tratamento comprovadamente eficiente contra a COVID-19, os “médicos têm autonomia para prescrever” medicamentos.
A administração de Bolsonaro tem promovido, desde o ano passado, campanhas nas redes sociais, defendendo o dito “tratamento precoce”. O “kit Covid”, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, inclui hidroxicloroquina e cloroquina, junto com outros fármacos. São substâncias testadas inicialmente em laboratório e que, depois, em estudos clínicos, demonstraram não ter qualquer efeito de prevenção ou tratamento contra a COVID-19.
LEIA TAMBÉM: Coluna Rodrigo Ghedin – Um ano olhando para telas
À Folha de S.Paulo, no último domingo (14), o novo ministro tinha dito que a cloroquina não seria parte de sua estratégia, caso aceitasse o novo cargo.
Outros dois médicos convidados a ocupar o cargo recusaram o convite por discordarem da visão anti-ciência do atual governo federal. Reiteradamente, Bolsonaro e seus aliados políticos, desrespeitam medidas sanitárias como o uso de máscaras e distanciamento social.
Ainda na segunda-feira, a cardiologista Ludhmila Hajjar, primeiro nome cotado para ocupar o Ministério da Saúde, recusou a oferta por não concordar com medidas defendidas por Bolsonaro, como o uso do dito tratamento precoce. A médica também disse a vários veículos, que entende ser necessária a adoção pontual de lockdown como forma de diminuir o ritmo de transmissibilidade do Sars-Cov-2.
Queiroga substitui Eduardo Pazuello, que deixa o cargo em meio a um inquérito para apurar se houve omissão do Ministério da Saúde quanto à crise sanitária de Manaus.