Segundo informações da CNN Español, na última semana, o sistema de saúde da maior cidade do Equador, Guayaquil, entrou em colapso por causa da epidemia de coronavirus. Como resultado, as pessoas estão morrendo em seus domicílios ou mesmo nas calçadas dos hospitais, sem atendimento.
De acordo com uma correspondente do canal de notícias no país, as autoridades médicas da cidade dizem que, entre os dias 23 e 30 de Março, pelo menos 300 corpos foram coletados nas casas de moradores da cidade. Mas o mais assustador é que isso pode ser apenas uma parte do número real, visto que há dezenas e dezenas de pedidos de recolhimento ainda não atendidos.
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Em vídeos postados em redes sociais, famílias descrevem primeiro o desespero de não serem atendidas pelo sistema de saúde, segundo a angústia de terem de ficar até quatro dias com o cadáver de um ente querido em casa, se poder velá-lo e ainda correndo riscos de contaminação.
Embora o Equador o segundo país da América Latina com mais casos de Covid-19, atrás do Brasil. Esteban Ortiz, médico sanitarista da Universidade das Américas do Equador, no entanto, disse ao portal El Comercio, que Guayaquil tem a maior taxa de mortalidade do país e a mais alta da região no momento: 1,35 metros por cada 100 mil habitantes – em São Paulo, essa relação estaria em 0,92 por 100 mil habitantes.
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No total, o Equador tem, nesta quinta-feira (2), quase 3.162 casos confirmados de Covid-19, e 120 mortes registradas (pelo drama vivido pelos moradores de Guayaquil nos últimos dias, é certo que este número já está bem maior). A região de Guayaquil concentra mais de 70% dos casos do Equador.

Como em todos os países da América Latina, esse número é apenas uma amostra do número real, visto que os testes de coronavirus não estão sendo feitos de forma massiva na região, como recomendado pela OMS.
No Brasil, país com mais casos na América Latina até o momento, são 7.031 infectados e 252 mortes registradas até a manhã desta quinta-feira (2). Em pronunciamento à população, transmitido também pelo Twitter, há alguns minutos, o presidente equatoriano, Lenin Moreno, disse que os ministros estão reunidos para resolver a emergência na maior cidade do país e admitiu que a situação é pior do que mostram os dados oficiais.
“A realidade sempre supera os dados oficiais. Nossos cientistas já nos disseram que dezenas de milhares ficaram doentes e que centenas morrerão”, disse Moreno. Ele chamou a população a atender as recomendações de isolamento já feitas como forma de reduzir a disseminação e disse a partir da próxima segunda-feira novas medidas serão anunciadas.
Segundo ele, além de aulas canceladas e voos domésticos e internacionais suspensos durante todo o mês de abril, a partir da próxima segunda-feira (13), o país será dividido por zonas (vermelho, laranja e amarelo), e cada região terá diretrizes próprias de isolamento. A ideia é que a região de Guayaquil é a que tenha as medidas de circulação ainda mais restritas, mas as medida em si não foram detalhadas por Moreno.
Ele também disse que um projeto para a garantia do emprego durante a crise será enviado ao Congresso equatoriano na próxima semana, a exemplo do que outros países da América Latina, como o Brasil, já aprovaram.