- Essa semana a Anvisa negou a importação da vacina russa Sputnik V;
- OMS disse que as 60 milhões de doses da AstraZeneca que serão doadas pelo governo americano estão em negociações para que, por meio da Covax Facility, essas doses possam ser utilizadas nos países de maior necessidade nesse momento.
Em conferência com a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta sexta-feira (30), Ciro Ugarte, Diretor de Emergências em Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde OPAS / OMS, disse que a pandemia da COVID-19 tem atingido duramente o Cone Sul e na região andina, como Peru, Bolívia, Colômbia, Guiana e Argentina, onde as infecções e hospitalizações de jovens estão aumentando por estarem mais expostos ao vírus e não terem sido vacinados.
“A América Latina e o Caribe precisam de mais vacinas, são 7 milhões de doses via Covax para a América Latina e o Caribe, mas a necessidade é muito maior, pois muitos países não podem contar com parcerias com laboratórios”.
A região precisa de mais financiamento para medicamentos, equipamentos de proteção individual e testes para responder à nova onda da COVID-19.
Na reunião, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, foi solidário com os familiares das 400 mil vítimas da COVID-19 no Brasil, e disse que graças às parcerias exitosas com a AstraZeneca e a Sinovac, o Brasil produz hoje todas as vacinas usadas para imunização dos brasileiros por meio dos laboratórios Fiocruz e Instituto Butantan.
“Contamos com a China e temos recebido todo o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) necessário para a produção local. Ontem recebemos 1 milhão de doses da Pfizer e teremos em aplicação no Brasil todas as quatro vacinas já autorizadas pela Anvisa (Agência reguladora do Brasil).”
Essa semana a Anvisa negou a importação da vacina russa Sputnik V, que na América Latina já teve uso aprovado na Argentina, Bolívia, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai e Venezuela.
Segundo Queiroga, a Anvisa é um órgão do estado com autonomia para resistir posições políticas para aprovação da Sputnik V, e que o governo brasileiro se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin comunicando que assim que a Anvisa aprove o imunizante, ele será aplicado. “Vamos aguardar manifestação da Anvisa”.
O Instituto Gamaleya da Rússia pediu listagem para uso emergencial da Sputnik V para a OMS, que fez inspeções clínicas em abril e a partir de maio inspecionará a produção no instituto. A OMS espera que o dossiê completo esteja pronto em julho.
Além disso, a OMS disse que as 60 milhões de doses da AstraZeneca que serão doadas pelo governo americano estão em negociações para que, por meio da Covax Facility, essas doses possam ser utilizadas nos países de maior necessidade nesse momento.
O Brasil também aderiu ao Covax Facility da OMS para receber doses que vão imunizar 10% da população. Segundo Queiroga, em abril o Brasil atingiu o recorde de 1,7 milhão de vacinas aplicadas em apenas um dia.
O ministro disse que o País tem a capacidade de vacinar 2,4 milhões de pessoas todos os dias. Segundo Queiroga, 75% da população indígena brasileira já tomou a primeira dose da vacina e 58% já recebeu a segunda dose, com mais de 500 mil doses aplicadas.
Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, diz que mesmo com os casos em declínio no Brasil por 4 semanas consecutivas, nenhum país pode baixar a guarda. “O Brasil tem um longo investimento público em atenção primária à saúde, mas a pandemia atingiu duramente o sistema de saúde do Brasil.”