Sociedade

Pandemia acabou com 26 milhões de empregos na América Latina e Caribe

Outra característica do cenário laboral da região é que, além dos empregos perdidos, houve uma redução generalizada nas horas de trabalho e, consequentemente, uma redução na renda do trabalho

Emprego informal aumenta no Brasil durante pandemia
Foto: Roberto Herrera Peres/Shutterstock
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  • No final de 2020, a taxa média de ocupação na região havia caído de 57,4% para 51,7%, uma queda acentuada que equivale à perda de cerca de 26 milhões de empregos;
  • Há um risco grande de a informalidade aumentar mais, uma vez que as pessoas precisarão trabalhar e podem não encontrar mais vagas formais existentes antes da pandemia;
  • Alta informalidade, espaços fiscais reduzidos, desigualdade persistente, baixa produtividade e escassa cobertura de proteção social deverão ser revistas para que recuperação do emprego seja possível.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou uma análise que aponta que a região da América Latina e do Caribe perdeu 26 milhões de empregos em um ano de pandemia de COVID-19, cenário agravado por novas ondas de contágio, lentidão nas campanhas de vacinação e problemas estruturais pré-existentes.

De acordo com o relatório elaborado pela OIT, a taxa média de ocupação na região caiu de 57,4% para 51,7% no final de 2020, o que representa 26 milhões de empregos a menos.

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Outra característica do cenário laboral da região é que, além dos empregos perdidos, houve uma redução generalizada nas horas de trabalho e, consequentemente, uma redução na renda do trabalho. A América Latina e o Caribe registraram as maiores reduções de jornada do mundo. 

As perspectivas dos mercados de trabalho desses países são incertas e demandarão “ações ambiciosas” para geração de novas oportunidades de trabalho, diz a OIT. Esse processo de recuperação do emprego, no entanto, deve pôr em perspectiva condições sociais e econômicas que explicam porque os efeitos da pandemia sobre o emprego na região foi tão forte. 

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“Alta informalidade, espaços fiscais reduzidos, desigualdade persistente, baixa produtividade e escassa cobertura de proteção social, somados a problemas que ainda persistem como o trabalho infantil e o trabalho forçado, fazem parte das questões pendentes na região”, diz Vinícius Pinheiro, diretor da OIT para América Latina e Caribe.

Emprego formal e emprego informal sofreram forte impacto

Segundo a nota da OIT, tanto o emprego formal quanto o informal sofreram reduções fortes, mas o impacto foi maior no emprego informal – tanto que a taxa de informalidade chegou a cair diante da baixa demanda por emprego. Porém, à medida que a as atividades são retomadas, há um risco grande de a informalidade aumentar mais, uma vez que as pessoas precisarão trabalhar e podem não encontrar mais vagas formais existentes antes da pandemia. 

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Dados regionais da OIT mostram que a recuperação do emprego no segundo semestre de 2020 foi impulsionada quase inteiramente pelo crescimento do emprego informal. Essas ocupações seriam responsáveis ​​por mais de 60% do aumento total do emprego.

 “O déficit de trabalho formal, por sua vez, provavelmente ficará mais evidente para determinados grupos de trabalhadores como os jovens, as mulheres e os adultos com menor qualificação, grupos que estruturalmente enfrentam maiores dificuldades para se inserirem em um trabalho formal”, disse Roxana Maurizio, especialista em economia do trabalho da OIT.