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Presidente do Peru sobrevive à votação por impeachment no Congresso

Foram 32 votos a favor da destituição de Vizcarra, menos que os 87 necessários para retirá-lo do cargo

Peruvian Presidency/Handout via REUTERS
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  • Vizcarra está em disputa com parlamentares desde o ano passado, quando apresentou um projeto anticorrupção;
  • Uma pesquisa recente da Ipsos mostrou que 79% dos peruanos preferem que Vizcarra cumpra seu mandato.

O Congresso do Peru votou contra a remoção do presidente Martín Vizcarra em um julgamento de impeachment na sexta-feira, sufocando as tensões políticas no país exportador de cobre em meio à recessão econômica provocada pela pandemia do coronavírus.

O Congresso, dominado pela oposição, deu 32 votos a favor da remoção de Vizcarra, menos que os 87 necessários para destituí-lo do cargo com base em “incapacidade moral” devido a supostas ligações em um caso de contratos irregulares do governo com um cantor.

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Houve 78 votos contra a medida e 15 abstenções.

O Congresso votou na semana passada para iniciar o processo de impeachment, mas esperava-se que Vizcarra sobrevivesse à votação de sexta-feira, depois que parlamentares importantes da oposição se distanciaram do plano de destituí-lo, apesar da insatisfação com a crise econômica e um grave surto de coronavírus.

Vizcarra, que não tem representação partidária própria no parlamento, adotou um tom desafiador no início da sexta-feira em um discurso de 20 minutos no Congresso, dizendo que o país não deveria se “distrair” dos desafios reais.

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“Não me escondo, não o fiz antes e não vou fazer agora. Estou aqui, com a cabeça erguida e a consciência limpa”, disse Vizcarra, 57. “É muito sério ter o país mergulhado nessa incerteza.”

Vizcarra alegou que a ação foi um complô do Congresso, eleito em janeiro depois que o presidente dissolveu o parlamento anterior no ano passado, em meio a uma luta com a oposição por causa de suas reformas anticorrupção.

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Uma pesquisa recente da Ipsos mostrou que 79% dos peruanos prefeririam que Vizcarra cumprisse seu mandato até meados do próximo ano, após as eleições marcadas para abril. Vizcarra não estará concorrendo nessas eleições.

O Peru, segundo maior produtor mundial de cobre, tem um histórico de turbulência política, com três tentativas de impeachment de um presidente em exercício nos últimos cinco anos.