- Instituições financeiras como Banco do Brasil, Nubank, Sicredi e Cielo estabeleceram parcerias com o Facebook para usar a plataforma;
- Mais de 130 milhões de brasileiros usam o WhatsApp em seus telefones celulares e 98% desta audiência é composta por usuários que acessam o aplicativo pelo menos uma vez por dia;
- A pandemia de coronavírus acelerou a adoção do WhatsApp como plataforma comercial no Brasil.
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, anunciou nesta segunda-feira que o WhatsApp Pay está sendo lançado no Brasil. O sistema,em teste na Índia há alguns meses, permite que as pessoas enviem e recebam dinheiro usando o aplicativo de mensagens. Pequenas empresas também poderão vender mais facilmente via WhatsApp.
O Brasil é o primeiro país em que o Facebook está lançando amplamente o serviço de pagamentos no WhatsApp. O recurso aproveita o sistema do Facebook Pay, que fornece a plataforma-base para pagamentos em aplicativos da empresa.
O novo recurso será disponibilizado gradualmente para usuários brasileiros nas próximas semanas.
Zuckerberg também anunciou que o Facebook fechou parceria com bancos locais, incluindo o Banco do Brasil, Nubank, Sicredi e a Cielo, processadora de pagamentos de cartão.
As transações serão feitas usando cartões de débito ou crédito Mastercard e Visa, emitidos por instituições financeiras parceiras, e os pagamentos serão processados pela Cielo sem nenhum custo para consumidores ou pessoas físicas que efetuem transferências de dinheiro – dos comerciantes será cobrada uma taxa.
Como o WhatsApp Pay funcionará
As empresas poderão acessar o recurso por meio do WhatsApp Business. Será necessário um novo registro ou uma conta da Cielo por meio do Facebook Pay, com informações atualizadas de CNPJ, endereço e conta bancária, por exemplo. A inscrição levará três dias para ser aprovada ou não.
As empresas não precisarão ter uma conta em um dos bancos parceiros para receber pagamentos. Cada transação terá uma taxa de 3,99% e o dinheiro será transferido dentro de dois dias úteis. Não há limite para essas transações.
Os clientes que desejam pagar usando o WhatsApp devem ter um cartão emitido por uma das instituições parceiras. Cartões de crédito e débito serão aceitos sem custo adicional para o consumidor.
Para transferências em dinheiro entre indivíduos, as duas partes precisarão de uma conta com um cartão de débito correspondente nos bancos credenciados. As transações serão realizadas sem custo no mesmo dia (ou no próximo dia útil, se as transações ocorrerem após um determinado horário).
Será possível transferir até R$ 1.000 por transação e receber até 20 transações por dia, mas há um limite mensal de R$ 5.000. Em termos de segurança, o WhatsApp disse que os detalhes do cartão são criptografados de acordo com o padrão PCI e que os usuários precisam usar um PIN Pay do Facebook ou uma impressão digital para autorizar cada pagamento.
O recurso Pay estava sendo testado na Índia, onde o WhatsApp também é amplamente utilizado
O recurso de transferência de dinheiro e pagamentos do WhatsApp estava sendo testado há alguns meses na Índia, e Mark Zuckerberg havia declarado em janeiro que a tecnologia estaria disponível primeiro para usuários em países onde o aplicativo de mensagens tem uma presença forte, como Brasil e México.
Buscando surfar na onda de transformação de pagamentos digitais em mercados emergentes, a escolha do Facebook para esses países não é mera coincidência: além de serem líderes no uso do WhatsApp, esses são lugares com muito espaço para crescimento quando se trata de pagamentos digitais, devido a uma grande parcela da população desbancarizada e relativa ineficiência de instituições tradicionais.
Nilton Kleina, jornalista especializado em tecnologia, escreveu para o LABS que o recurso de pagamentos sempre foi um caminho óbvio para monetizar a plataforma de mensagens, que, diferentemente das redes sociais Facebook e Instagram, não se beneficia da publicidade: “O próximo serviço não apenas modificará o modelo de negócios da empresa, mas principalmente abrirá novos horizontes de mercado e em muitas regiões”.
A pandemia acelerou a adoção do WhatsApp como plataforma comercial no Brasil
A pandemia de coronavírus acelerou a adoção do WhatsApp como plataforma comercial no Brasil. Com as lojas físicas fechadas durante o período de quarentena, muitos vendedores viram o aplicativo como uma maneira de manter contato com os clientes e continuar seus negócios. Uma pesquisa realizada pela Aivo com 130 empresas mostra que as conversas entre usuários e empresas no WhatsApp cresceram 516% entre fevereiro e abril.
A plataforma se tornou uma ferramenta essencial para empresas de pequeno, médio e grande porte. A Via Varejo, proprietária das redes brasileiras Casas Bahia e Ponto Frio, forneceu o aplicativo para mais de 7.000 vendedores e viu sua receita de comércio eletrônico disparar. A Ri Happy, maior varejista brasileira especializada em brinquedos, estava basicamente ausente da web antes da pandemia, mas agora recebe pedidos por WhatsApp.
Incorporado ao ecossistema de pagamentos da empresa, o Facebook Pay, o serviço permite que os usuários paguem algo em qualquer aplicativo do Facebook, sem precisar inserir os detalhes do cartão de crédito mais de uma vez.
O Brasil é um dos principais mercados para o WhatsApp em todo o mundo
O Facebook tem procurado um executivo para preencher uma vaga de diretoria para o WhatsApp no Brasil. Fora dos Estados Unidos, apenas a Índia tem uma posição semelhante, o que indica a importância do Brasil para o futuro do serviço de mensagens.
Mais de 130 milhões de brasileiros usam o WhatsApp em seus telefones celulares e 98% dessa audiência é composta por usuários que acessam o aplicativo pelo menos uma vez por dia. O aplicativo tem aproximadamente 2 bilhões de usuários em todo o mundo.
Em fevereiro, o WhatsApp escolheu o Brasil para lançar sua primeira campanha de marca no mundo. O momento e o tema do primeiro filme da campanha também revelaram a importância do mercado brasileiro para o aplicativo de mensagens do Facebook: Carnaval.
“O Brasil é um dos principais mercados da empresa em todo o mundo, por isso decidimos lançar a campanha aqui e prestar homenagem à solidariedade dos brasileiros inspirados por uma das tradições mais queridas do país”, Taciana Lopes, chefe de marketing ao consumidor no Facebook Brasil, declarou na época.