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Facebook, WhatsApp e Instagram sofrem pane global e saem do ar

Especialistas em segurança dizem que o problema pode ser resultado de um erro interno, embora uma sabotagem interna possa ser possível; um ataque externo é menos provável

Facebook, WhatsApp e Instagram sofrem pane global e saem do ar
Foto: REUTERS/Johanna Geron/Illustration
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Facebook, Instagram e WhatsApp estão fora do ar para usuários de todo o mundo desde o início da tarde dessa segunda-feira (4), depois que o Facebook, dono do Instagram e do WhatsApp, foi atingido por uma das mais longas interrupções de seus serviços. As redes sociais saíram do ar alguns minutos antes do meio-dia (considerando o horário do Brasil). Os serviços começaram a ser parcialmente restaurados somente após 6 horas de pane geral.

A interrupção acontece um dia depois de um denunciante acusar a empresa de priorizar repetidamente o lucro em vez de reprimir o discurso de ódio e a desinformação. 

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As ações do Facebook, que tem quase 2 bilhões de usuários ativos diariamente, abriram em baixa e acentuaram as perdas durante à tarde, despencando 5,6% às 16h40 (horário de Brasília) na bolsa de Nova York. Os papéis estão no caminho para registrar seu pior dia em quase um ano, em meio a um movimento mais amplo de venda de ações do setor de tecnologia nesta segunda-feira. 

Facebook estava inacessível porque os usuários não estavam sendo direcionados ao local correto pelo Sistema de Nomes de Domínio (DNS). O próprio Facebook controla as configurações relevantes, o que sugere que o problema pode ter origem interna.

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O DNS permite que os endereços da web levem os usuários aos computadores nos quais estão as informações que procuram. Uma interrupção semelhante na empresa de computação em nuvem Akamai Technologies derrubou vários sites em julho. Especialistas em segurança que acompanham a situação disseram que a interrupção provavelmente foi provocada por um erro de configuração que deixou as direções para os servidores do Facebook indisponíveis. 

Embora o problema possa ser resultado de um erro interno, uma ação de sabotagem interna é considerada teoricamente possível. Já um ataque externo é considerado menos provável por especialistas. Por outro lado, um ataque maciço de negação de serviço que poderia derrubar um dos sites mais populares do mundo exigiria a coordenação entre grupos criminosos poderosos ou uma técnica muito inovadora. 

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Facebook reconheceu que os usuários estavam tendo problemas para acessar seus aplicativos, mas não forneceu quaisquer especificações sobre a natureza do problema ou quantos foram afetados pela interrupção. “Estamos trabalhando para fazer as coisas voltarem ao normal o mais rápido possível e pedimos desculpas por qualquer inconveniente”, escreveu o Facebook no Twitter cerca de 30 minutos após os primeiros relatos dos problemas no acesso. 

A resposta do Facebook ficou muito mais difícil porque os funcionários perderam o acesso a algumas de suas próprias ferramentas durante a falha, disseram pessoas que acompanham o assunto. Vários funcionários também disseram não ter sido informados sobre o que havia dado errado. 

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O Downdetector, site que rastreia interrupções de serviços através da coleta de relatórios de status de uma série de fontes, incluindo erros enviados por usuários, mostrou que houve mais de 50 mil incidentes de pessoas relatando problemas com o Facebook e Instagram, mas a interrupção pode estar afetando um número muito maior de usuários. Enquanto isso, o acesso ao WhatsApp também foi suspenso para mais de 35 mil usuários, enquanto o Messenger caiu para quase 9.800 usuários. 

Facebook experimentou paralisações generalizadas semelhantes com seu pacote de aplicativos este ano, em março e julho.

Impacto nos negócios alerta para a urgência de uma estratégia omnichannel

O LABS conversou com Leandro Ueda, co-fundador e COO da Octadesk – startup brasileira que desenvolveu um solução que conecta as empresas aos clientes por meio de uma plataforma que reúne ferramentas de marketing, vendas e atendimento em tempo real – sobre os impactos nos negócios causados pela pane global que afetou as plataformas. Ainda não há um levantamento abrangente sobre os prejuízos causados pela queda dos serviços, mas milhares de empresas dependem apenas desses canais.

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“Além de perderem atendimentos, muitas vendas também foram afetadas, principalmente se essas empresas dependem apenas destes canais que sofreram queda. Os maiores prejudicados são as micro e pequenas empresas que ainda estão trabalhando sua imagem de marca no mercado. Se o consumidor não tiver o nome daquela empresa em mente, é provável que no dia seguinte ele vá fazer negócios em um concorrente nos próximos dias”, explicou.

Para Ueda, a única forma de evitar esse tipo de impacto é a diversificação de estratégias de negócios e vendas. “Independente do segmento ou tamanho da empresa, é importante prever cenários como esse e não focar em apenas um canal para vendas e atendimento, principalmente quando se trata de serviços de uma mesma empresa, como o Facebook”.