Não há uma única estratégia vencedora na guerra do streaming

Apple está olhando para formas de montar catálogo de antigos sucesso, deixando de apostar 100% em produção original

24.maio.2020 15:35
ATUALIZADO EM 15.set.2020 11:55

Nesta semana, uma reportagem da Bloomberg mostra que a Apple está revendo sua estratégia para a AppleTV+ de apostar mais fortemente apenas em conteúdo original. Os executivos da empresa estariam percebendo que títulos de sucesso de catálogo antigos ainda podem ser uma boa maneira de conquistar assinantes e competir com as bibliotecas gigantes das concorrentes– enquanto a Neftlix já tem milhares de opções, a AppleTV+ tem pouco mais de 30 programas e filmes originais à disposição de seus usuários.

A empresa ainda não adquiriu ou licenciou nenhum programa, filme ou série de sucesso, mas vai fazer isso. É um movimento contrário ao que a Netflix vem fazendo, já que a pioneira do setor começou com catálogos para então apostar em conteúdo original. O segredo seria uma combinação de preço acessível, um pouco daquilo que todo mundo gosta com certeza e um pouco de conteúdo original? Pode ser. Mas o que fica claro neste momento, é que não há uma única fórmula, ou estratégia vencedora, a se seguir na chamada da guerra do streaming.

Na questão de preço, é importante frisar que a AppleTV+ é mais barata que suas concorrentes – $4.99, quase metade do preço da Netflix nos Estados Unidos – , além de oferecer um ano grátis para quem compra dispositivos da Apple.

Ao lado dos conteúdos originais, a Apple também vinha apostando em parceiros de mídia: a última versão de seu aplicativo, lançado em 2019, oferece acesso para outros serviços como Starz, Showtime e HBO.

Mas essa abordagem não colaborou para a fidelização de usuários. Segundo a Bloomberg, embora cerca de 10 milhões de pessoas tenham se inscrito na TV + em fevereiro deste ano, apenas metade desse número usou ativamente o serviço, de acordo com fontes ouvidas pela agência de notícias.

O Disney +, da Disney, conseguiu mais de 10 milhões de usuários apenas no primeiro dia de lançamento nos EUA, no fim de novembro do ano passado, e, desde então, já passou dos 50 milhões.

No primeiro trimestre deste ano, a Netflix ganhou quase 16 milhões de assinantes. A Apple não revela exatamente quantos assinantes tem no TV+ no momento, mas os resultados dos primeiros três meses deste ano mostram que a plataforma colaborou para o crescimento do seu segmento de serviços, com 23% dos US$ 13.3 milhões em receita.

O Disney + aposta no mix de ingredientes citado acima por natureza, já que hoje a empresa é um conglomerado de grandes estúdios e franquias. Mas ainda assim tem uma velocidade menor de lançamentos do que a Netflix–a pandemia também adiou muitos dos projetos em andamento, em todas as empresas do ramo.

Por outro lado, pode ser que isso leve alguns lançamentos da Disney antes para o streaming, já que uma estratégia de lançamento prévio nos cinemas, e ainda mais natural para a empresa do que para a Netflix, parece complicada no momento.