Tecnologia

YouTube, Facebook e Twitch: como as plataformas mais populares remuneram os criadores de conteúdo?

O boom do mercado de conteúdo e influência alterou a dinâmica entre as grandes plataformas e os usuários; agora, as big techs correm para reter os criadores de conteúdo

Ilustração: Felipe Mayerle

Durante anos, os criadores de conteúdo para redes sociais não tiveram muitas ferramentas de monetização à disposição, de modo que seus conteúdos eram “aproveitados” pelas empresas proprietárias das plataformas para atrair mais usuários e engajamento, mas geravam pouco – ou nenhum – retorno financeiro para os próprios criadores. 

O crescimento do mercado de conteúdo e influência, no entanto, tem alterado essa dinâmica, especialmente com a chegada de novas plataformas para competir por usuários, como TikTok e Clubhouse. Além disso, um outro tipo de empresa tem conquistado terreno, as que já nascem com a proposta de monetizar o produtor de conteúdo, a exemplo do DIVI•hub, um aplicativo que permite que fãs sejam sócios dos ídolos, ou que oferecem serviços para ajudar os criadores de conteúdo a ganhar dinheiro nas plataformas mais populares.

Diante disso, as big techs por trás das plataformas mais populares do mundo – como Youtube, do Google; Facebook e suas várias plataformas e Twitch, da Amazon – começaram a adicionar funcionalidades de monetização para reter os produtores de conteúdo e evitar uma debandada para as plataformas alternativas. 

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A CB Insights divulgou um estudo sobre como as big techs estão se posicionando e explorando novos recursos para criação e monetização de conteúdo.

“Fundamentalmente, os esforços das big techs para o mercado de conteúdo atenderão a um único objetivo: reter usuários. As gigantes da tecnologia irão concentrar esforços na evolução de produtos e serviços para manter os usuários engajados dentro de suas plataformas, principalmente no Facebook, YouTube e no Twitch. Esses conglomerados de tecnologia são concorrentes difíceis de superar por causa de sua escala e do volume de investimentos que são capazes de fazer”, diz o relatório da CB Insights.

Abaixo, separamos os principais insights do levantamento, que pode ser acessado na íntegra aqui. 

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Google 

O Google é dono de um dos maiores players de publicidade digital, o YouTube, que, se fosse uma empresa autônoma, seria o quarto maior vendedor de anúncios digitais do mundo, atrás apenas do próprio Google, Facebook e Amazon. O YouTube é também uma das plataformas que mais dá retorno para seus criadores de conteúdo: 55% da receita de anúncios ficam com os criadores e, nos últimos 3 anos, a plataforma pagou US$ 30 bilhões a eles.

As ferramentas de remuneração de criadores do YouTube incluem uma plataforma de brand content exclusiva para convidados que conecta criadores com marcas e a opção de lançar vídeos exclusivos e vender mercadorias por meio da plataforma. O YouTube também permite que os criadores vendam assinaturas mensais e mercadorias e planeja lançar um novo sistema para doação de gorjetas; hoje, os fãs dos canais podem dar gorjetas por meio de recursos como Super Chats e “Viewer Applause”.

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Recentemente, o YouTube anunciou um fundo de US$ 100 milhões para produtores de conteúdo que usassem o Shorts, produto lançado para concorrer com o TikTok. Os criadores serão remunerados por visualização e engajamento. 

Facebook

Depois de um bom tempo se beneficiando do conteúdo produzido pelos seus usuários, o Facebook passou a investir mais em novos produtos e recursos tecnológicos com foco em quatro frentes – vídeo e streaming ao vivo; áudio; newsletters e produtos para o ecossistema do Instagram. Além disso, conforme anunciou o CEO Mark Zuckerberg, a empresa não pretende cobrar participação nos lucros dos produtores pelo menos até 2023.

O Instagram é hoje o carro-chefe do Facebook em termos de “economia de influência”. Em abril desse ano, a plataforma anunciou um conjunto de novas ferramentas de monetização para os influenciadores, incluindo links de afiliados e um marketplace para conectar influenciadores e marcas. 

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Em 2019, o Facebook lançou uma série de ferramentas para atrair os criadores de vídeos para o Facebook Watch, incluindo priorização em seu algoritmo e uma ferramenta para conectar criadores com anunciantes. De acordo com a empresa, o número de criadores de conteúdo que fazem US$ 10.000 por mês com anúncios e apoio de fãs cresceu 88% entre 2019 e 2020; já o número de criadores que ganham US$ 1.000 quase dobrou.

A transmissão de jogos de videogame ao vivo também é outra aposta da empresa para concorrer com o YouTube e o Twitch. O esquema de remuneração do Facebook Gaming incluí assinaturas, gorjetas que os fãs podem dar aos jogadores e anúncios que os streamers podem incluir antes, durante ou depois de suas transmissões. 

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Em junho, o Facebook lançou vários produtos de áudio, incluindo salas de áudio ao vivo parecidas com as do Clubhouse, e podcasts. Em termos de remuneração, os criadores podem receber doações de ouvintes e a empresa estuda permitir que os criadores cobrem por acesso às salas de áudio. Seguindo a onda de lançamentos, o Facebook lançou, ainda em fase de testes, o Bulletin, sua plataforma de newsletter que permite o envio de newsletters gratuitas ou pagas.

Amazon

Seguindo outra linha, o Twitch, plataforma de streaming de games da Amazon, dá pistas de que pretende unir a transmissão ao vivo com e-commerce para atrair mais criadores e influenciadores. O aplicativo Amazon Live Creator já permite que os usuários façam transmissões ao vivo e ganhem comissões sobre as vendas realizadas durante o streaming, mas ao que tudo indica o maior potencial de negócio é mesmo no Twitch, hoje líder com folga na transmissão ao vivo de videogame e cuja maior fonte de receita hoje são as assinaturas.

As “vendas ao vivo” são muito populares e lucrativas em países como a China, por exemplo, onde a plataforma Taobao Live arrecadou US$ 7,5 bilhões na primeira meia hora de pré-vendas para o “Dia dos Solteiros”, evento anual de compras do país.